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À portuguesa, a Selecção chegou atrasada ao Mundial. Atrasada nos resultados, na condição física, atrasada até, e estranhamente, no nível de “commitment”. Este não chegar a tempo, reflexo então de ..." /> À portuguesa (regressou a casa o bombo da festa) - Variação Contínua - Record

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À portuguesa (regressou a casa o bombo da festa)

27 Junho, 2014 801 visualizações

À portuguesa, a Selecção chegou atrasada ao Mundial. Atrasada nos resultados, na condição física, atrasada até, e estranhamente, no nível de “commitment”. Este não chegar a tempo, reflexo então de vários atrasos, é típico e é muito nosso. Chegar atrasado faz parte. Ou porque estava a chover e faltava o impermeável; ou porque o trânsito estava um caos; ou porque o carro teve um furo, enfim, escolha-se a desculpa e está tudo resolvido. A “coisa” há de começar meia horazita depois, que o pessoal recupera.

 

Pois em chegando atrasada a Seleção e em não havendo milagres (mas não há mesmo…), também não houve recuperação. O atraso dos “operacionais”, como lhes chamou o dr. Henrique Jones, não teve diretamente a ver com o facto desses mesmos operacionais surgirem antes em bonitas animações CGI; ou no meio do campo a lidar com ovelhas; ou a atirar bolas para o pinhal e a comer hambúrgueres. Tudo isto enquanto o líder e natural estratego, aparecia no cimo de um rochedo, olhando, qual infante, a imensidão do Atlântico.

Ficaram os objetivos por cumprir e as verbalizações conhecidas antes e depois da vitória de ontem tiveram muito dessa arte para justificar atrasos. O clima, as viagens, o estágio, as lesões, tudo e mais alguma coisinha. Típico, repete-se. Curiosamente, quando Ronaldo veio dizer nunca ter acreditado que Portugal podia ser campeão do Mundo, apenas sinalizou um facto. Quem não acredita que pode ser campeão joga para “passar aos oitavos”. Depois logo se vê. Não se viu, e aquele que seria, ainda segundo CR7 antes do descalabro de Salvador, o “ano de Portugal” confirma-se apenas num pressuposto. Pode ser o ano… zero.

As milhentas análises/teses/ajustes de contas (riscar o que não interessa) que aí vêm; as opções de Paulo Bento e da FPF; os anúncios de adeus à Seleção; o arranque, já em setembro, do Euro'16, pois são parte do ano zero, que manda recomeçar. Como será esse recomeço já está no domínio da adivinhação. E estas linhas a tanto não chegam.

Mas… e conclusões? E culpados? E responsáveis pelo atraso? Como isto não é o tribunal executor em que o país se especializou com requinte, ficamos pelo óbvio, por muito que ele pareça bizarro e paradoxal: os jogadores serão, ainda assim, os menos responsáveis. Só a mesquinhez bem portuguesa achará que um futebolista profissional de alta competição não quer jogar, e bem, um Mundial. Mesmo que às vezes esteja pouco (ou nada) operacional, ou as obrigações profissionais também o levem  a “andar de avião” com Pelé, ou a controlar ovelhas num prado.

*Texto publicado na edição de Record deste 27/6/14