Natal sem Jesus
Habituados ano após ano às piadolas sobre o campeão da pré-temporada, os principais opositores do Benfica têm agora uma semana para ensaiar tema diverso nos exercícios de humor sobre os encarnados. Com a derrota frente ao Nápoles, a equipa da Luz fechou sequência de 11 jogos com apenas 5 vitórias e assinalável permissividade defensiva: 16 golos sofridos. Neste caso em particular, os números acabam por ser um pouco como as sondagens: valem o que valem, num contexto onde não há pontos em discussão, apenas início de construção/consolidação de processos e dinâmicas de jogo.
As derrotas e os empates desta pré-época encarnada trouxeram no entanto muito mais do que análises simplistas sobre a pouca ou nenhuma importância dos resultados obtidos em jogos particulares. Por mais que Jorge Jesus venha dizer, como disse ontem, que o objetivo era encontrar um adversário que criasse dificuldades, a verdade é que boa parte da “nação benfiquista” olha para a nova temporada com uma sensação de desconforto, de incomodidade, talvez até de descrença. Não tanto pela matéria-prima à disposição do treinador – o inefável mercado ainda não capturou nenhuma “truta” na Luz –, mas exatamente por haver agora muito menos crédito desse mesmo treinador.
Aos eventuais traumas provocados pela temporada em que o Benfica quase tudo ganhava e tudo perdeu, vieram somar-se meses de indefinição. Do “caso Cardozo”, às hipotéticas saídas; das contratações para emprestar de imediato, à aposta sérvia; da obrigatoriedade da SAD em negociar ativos, às dúvidas sobre o preenchimento acertado de algumas posições da equipa, enfim, é escolher. Como sempre acontece em situações semelhantes, o primeiro “cliente” a ser colocado na linha de fogo é sempre o treinador. Não espanta por isso que até haja casas de apostas a pagar 4 euros por cada 1 investido na saída de Jesus até ao dia 25 de dezembro.