Lado B

FC Porto e Benfica arrancaram o campeonato com vitórias, após o passeio relativo do Sporting na Vila das Aves. Os três grandes somaram três pontos sem dificuldades, ainda que com exibições diferentes. Os dragões parecem ter encarado o jogo com o Estoril como os realizados na pré-época e se algo faltou no Dragão até foram mais golos a favor da equipa de Sérgio Conceição. Aboubakar ficou a dever alguns. A única má notícia por ali foi a lesão de Soares, mas até esse momento proporcionou a entrada de Marega a tempo de bisar. Bons motivos para sorrir então.

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O pânico parece ter-se apoderado de alguns adeptos do Benfica após os maus resultados da pré-época. É óbvio que não devem ser totalmente desvalorizados, porque começar mal e acabar bem não acontece todos os anos. Mas a energia de quem manda não deve ser canalizada apenas para a contratação de reforços. Há algo que não está a funcionar no futebol do Benfica e a culpa não será apenas de Pedro Pereira ou da dupla de centrais. Vieira parece, de facto, ter dado um tiro ao lado no lateral-direito e a questão da baliza está a ser tratada com uma leveza que intriga, mas parte da solução terá de chegar de Vitória. Apesar das muitas saídas o Benfica continua a ter um plantel recheado. Têm de jogar um bocadinho mais.

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Algo correu mal no processo André Moreira. Não é costume ver uma estrutura profissional como a do Benfica a assumir um jogador, deixá-lo exibir a camisola do clube, treinar-se no Seixal desde o início do estágio e no mesmo dia em que anuncia que desiste da contratação, vê-lo a caminho de um concorrente na liga.

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A Seleção Nacional está nas meias-finais da Taça das Confederações após golear a Nova Zelândia. Seguros, profissionais e cientes de que não podiam facilitar, os jogadores portugueses transformaram um adversário que causou enormes dificuldades ao México num farrapo.

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Os sub-21 falharam os objetivos no Europeu. Vir para casa ao fim de três jogos não era o que a federação pretendia da presença na Polónia. De Rui Jorge aos jogadores, passando pela estrutura, acredito que todos esperavam mais. Mas é verdade que nem tudo foi mau. Estou longe de ser defensor de vitórias morais. Mas na formação há, de facto, mais além de ganhar. A deteção de talento, a potenciação de um modelo de jogo, o perceber se os jovens têm talento para assegurar o futuro. E aqui percebe-se que há miúdos com muito futebol nas pernas, que os sub-21 jogam muito mais do que os AA e que o futuro será uma realidade, por muito que nos falte alguém que se aproxime sequer de Cristiano Ronaldo. Mas essa é uma realidade com que teremos de viver um dia. Rui Jorge diz-se triste mas orgulhoso. Percebo-o.

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O Benfica reagiu finalmente às acusações de corrupção do FC Porto. Não foi a resposta firme e categórica que se esperava, antes uma desvalorização dos argumentos portistas, retocada com processos aos rivais e pedidos de reabertura de casos antigos como o apito dourado. Os encarnados denunciam um ataque de hackers ao sistema informático do clube, sem negarem de forma veemente a veracidade dos emails, aquilo que, acredito, os adeptos do clube mais desejariam.

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O Apito Dourado foi uma dura machadada na credibilidade do futebol português. A revelação de escutas que apanharam muitas conversas proibidas não deu em nada na justiça civil e apesar do equilíbrio de forças ter mudado, foram muitos os que deixaram de acreditar na verdade desportiva. As constantes guerras posteriores entre Benfica, FC Porto e Sporting nada trouxeram de bom. A incapacidade de encontrar plataformas de entendimento entre os grandes – agora realidade entre dragões e leões – levaram a um discurso tão beligerante que hoje os adeptos quase se esquecem dos amigos que têm do outro lado da barricada.

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Cristiano Ronaldo juntou-se ontem à Seleção Nacional após a conquista de mais uma Liga dos Campeões em que foi determinante. O capitão de Portugal termina a época em forma e vai liderar um grupo com legítimas aspirações à conquista da Taça das Confederações. Os portugueses estão de pé quente em variadíssimos setores de projecção internacional e já não surpreenderá muita gente que a nossa equipa traga mais um caneco para casa. Claro que todos os competidores merecem respeito e entre eles Alemanha, Chile e México são adversários realmente temíveis. Mas a verdade é que o estatuto dos portugueses mudou com a conquista do Europeu e os germânicos, por exemplo, não levam a melhor equipa possível. Acreditar é o que há a fazer. Até porque Cristiano está insaciável.

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É ainda hoje célebre uma frase de Luís Filipe Vieira em que o presidente do Benfica dizia que era mais importante ter pessoas na liga do que contratar jogadores. As declarações eram proferidas no tempo em que o FC Porto controlava o futebol português e o líder encarnado tinha muita razão. Não se podem ganhar campeonatos sem jogadores, e bons, mas ter uma máquina forte, que não falhe nos momentos chave da época, na antecipação de acontecimentos, também é importante. Vital mesmo. O Benfica soube substituir o FC Porto neste particular e é hoje, de longe, o clube mais poderoso do território. Mérito de Vieira e seus pares, pois perceberam que há muitas outras coisas necessárias para ganhar além de golos. É por isso que os dragões lamentam a queda da famosa estrutura e que o Sporting procura recuperar alianças perdidas ao longo de anos e anos a navegar à bolina.

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Terminada a temporada, eis que os grandes se esforçam e digladiam por encontrarem os melhores reforços. É verdade que parte do trabalho já está feito, nomeadamente em Sporting e Benfica, mas há ainda muito a fazer. Seja em compras ou vendas. Águias e dragões estão obrigados a encaixes milionário para equilibrarem as contas e as notícias sobre saídas sucedem-se. Primeiro as baixas nas balizas. Ederson protagoniza a segunda maior transferência de sempre de um guarda-redes, Casillas está de partida pois os encargos assumidos são demasiado elevados para a realidade portista. E se na Luz a estabilidade parece adquirida, garantida a continuidade de Rui Vitória, tanto pelo próprio como por Vieira, no Dragão, para além de um novo n.º 1, procura-se também um líder para o projeto futebolístico. E claro que isso dificulta a reorganização necessária. Pinto da Costa e Luís Gonçalves não têm ainda interlocutor para que os alvos da próxima época estejam identificados. É o preço a pagar por trocar de treinador. Nada perdido, longe disso, mas dificulta.

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