Investigar, mas… bem
O Benfica reagiu finalmente às acusações de corrupção do FC Porto. Não foi a resposta firme e categórica que se esperava, antes uma desvalorização dos argumentos portistas, retocada com processos aos rivais e pedidos de reabertura de casos antigos como o apito dourado. Os encarnados denunciam um ataque de hackers ao sistema informático do clube, sem negarem de forma veemente a veracidade dos emails, aquilo que, acredito, os adeptos do clube mais desejariam.
É óbvio que não se pode desvalorizar a forma como o FC Porto teve acesso às conversas. Pelo contrário, é algo que deve ser bem esclarecido. Mas uma espécie de ponto final na questão seria Luís Bernardo dizer que todas as comunicações entre Paulo Gonçalves, Adão Mendes, Nuno Cabral e Pedro Guerra eram falsas. Não aconteceu. Assim sendo, estou com todos os que pedem que se investigue até às últimas consequências. Inclusive que se reabra o Apito Dourado se houver possibilidade de chegar a novas conclusões que as gravações que ouvimos deixavam entender.
Só não estou com os que pedem celeridade. Há processos cuja complexidade obrigam a aturadas investigações e só assim se chega ao âmago da questão. Em Portugal, o mais recente exemplo é a Operação Marquês, que já se dividiu em vários braços e tem feito cair muitos poderosos. É que depressa e bem há pouco quem. Investigue-se, sim, mas bem.
TEXTO PUBLICADO A 17 DE JUNHO DE 2017