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Estes dias de verão ditam muitas análises apressadas ao mercado e ao comportamento de dirigentes e jogadores. Aos primeiros, a acusação mais ouvida é de que estão a desmantelar as equipas quando ve..." /> E quem diria que não? - Lado B - Record

Lado B

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E quem diria que não?

5 Agosto, 2014 904 visualizações

Estes dias de verão ditam muitas análises apressadas ao mercado e ao comportamento de dirigentes e jogadores. Aos primeiros, a acusação mais ouvida é de que estão a desmantelar as equipas quando vendem os craques mais apetecíveis. Aos segundos, que são mercenários sem qualquer amor ao clube que representam. Qualquer dos argumentos aceita-se bem numa qualquer conversa de café. A quem passa anos a conviver com o fenómeno futebolístico pede-se um pouco mais. Até porque nos anos recentes o equilíbrio financeiro do país se alterou muito. Os passivos dos grandes clubes, habilmente sustentados pela banca, que ia vivendo dos juros e alimentando o espetáculo do povo sem grandes percalços, passaram a preocupar após o fecho da torneira. O caso do BES, por exemplo, obrigou o Benfica a vender mais do que desejava, tentando chegar a um encaixe de 100 milhões para evitar novo empréstimo obrigacionista.

É aqui que têm de se perceber os papéis desempenhados, por exemplo, por Luís Filipe Vieira e Bruno de Carvalho. O primeiro está, de facto, a enfraquecer a equipa. Não há forma de fugir à questão. Mas o que poderia o presidente encarnado fazer após oferecer um plantel de luxo a Jesus, que deu ao clube três títulos em 2013/14? É impossível manter encargos financeiros tão altos quando as receitas não esticam e a banca deixa de ajudar após um simples estalar de dedos. A troika não mudou só as nossas vidas. Mudou todo um país. Querer que Benfica, Sporting e FC Porto fujam a este novo paradigma é enterrar a cabeça na areia. E sim, é verdade que os dragões têm gasto mais do que a conta. Mas se não venderem o suficiente para equilibrar a balança, um dia a fatura vai chegar. Veja-se a política seguida por Godinho Lopes…

Quanto aos jogadores, eles são profissionais como todos nós, que vivemos do trabalho. Sim, com salários muito mais altos. Mas principescos, em Portugal, apenas os dos três grandes. Nos restantes clubes são muito poucos os jogadores que hoje ganham o suficiente para amealhar a despreocupação numa vida que termina pouco após os 30 anos… e se tudo correr bem.

É muito hipócrita querer que um jogador continue em Portugal quando lá de fora lhe acenam com ordenados tão superiores. Por exemplo, se o Sporting vender William Carvalho a um clube estrangeiro este defeso, o médio leonino poderá facilmente passar a ganhar 10 vezes mais do que em Alvalade. Qual seria o português capaz de dizer não a uma proposta milionária destas? Ricardo Salgado? Pois é, haja decoro.

 

Texto publicado na versão impressa de Record a 31-07-2014