A lei de Cristiano Ronaldo
Cristiano Ronaldo, o melhor jogador português de todos os tempos, está na final de Lisboa com o Real Madrid. Isto depois de um resultado tão surpreendente quanto brilhante no jogo de Munique, em que estraçalhou por completo a que parecia a equipa mais forte da Europa há muito pouco tempo, ainda atual campeão europeia pelas mãos de Jupp Heynckes.
O jogo do Real foi simplesmente soberbo. A fazer lembrar a estratégia usada por José Mourinho em Londres, quando levou um Inter de ataque a surpreender o Chelsea de… Carlo Ancelotti. É pouco provável que o italiano tenha tirado daí a ideia, e se fosse o caso nunca o reconheceria, mas a verdade é que apanhou desprevenido Guardiola, que estaria à espera de uma formação espanhola mais recatada. Mas o autocarro desta vez esticava muito mais do que o habitual e Bale e Ronaldo fizeram miséria, com a ajuda inesperada de Sergio Ramos, o outro herói.
A primeira parte madrilena foi de tal forma intensa e assassina, que o jogo deixou de ter história muito cedo. O craque português, que vai batendo recordes atrás de recordes, mesmo quando já parece impossível fazer melhor, teve ainda tempo, espaço e talento para fazer o 15.º e o 16.º golo da sua conta pessoal na Champions, algo nunca visto até ao momento. É um privilégio poder assistir às proezas de CR7 semana após semana. E mais do que entrar novamente na luta do português com Messi, outro génio do futebol, por que não celebrar a oportunidade de podermos assistir a um despique que ficará para sempre na história do futebol?
A lei de Cristiano Ronaldo fez miséria, é um facto, mas daí a passar a certidão de óbito ao futebol com a chancela Pep vai uma grande diferença. Pode até acontecer que o espanhol tenha de fazer as malas em Munique, tantos são os ruídos de desconforto de gente importante como Beckenbauer ou Sammer e se o apoio de Rummenigge chegará logo se vê, mas a marca de excelência de Guardiola no futebol mundial é coisa que não poderá ser apagada. Um score de 0-5 com o Real no cômputo das duas mãos será difícil de engolir, mas a vida continua e Pep vai voltar a ganhar e a encantar em Munique… ou noutro sítio qualquer.
O futebol é um jogo mágico e em que as verdades imutáveis duram muito pouco tempo. O poder do futebol alemão foi rapidamente desmentido. Nem mesmo o todo-poderoso Bayern durou mais do que uma época na Europa. Os 17-4 impostos pelo Real a equipas alemãs são ainda mais significativos. É também por isso que gostamos tanto disto, nós, os burros.
