Um risco desnecessário
Luisão cometeu um erro e pode pagá-lo caro. Fica por perceber o que passou pela cabeça do central do Benfica, mas também a certeza de que nunca terá pensado que o empurrão dado ao árbitro alemão poderia ter consequências tão nefastas. A queda do juiz é algo teatral e provavelmente tudo poderia ter sido resolvido com um cartão vermelho ao capitão. Pior é que as imagens já estão a correr Mundo e o jogador está agora nas mãos do homem que agrediu. E se a UEFA entender que é caso para mão pesada, aí Jorge Jesus arrisca-se a perder um dos pilares da equipa para a segunda prova mais importante do calendário. É por isso que me custa entender os sorrisos de Jorge Jesus e de grande parte da comitiva encarnada. É que o episódio foi, de facto, algo caricato, mas não há uma alminha que se lembre de que uma coisa assim pode ter custos?
Afinal, mesmo que o árbitro se tivesse levantado e decidido continuar com a partida, o Benfica teria ficado sem Luisão e Javi García aos 39’. Ou seja, a estrutura encarnada tinha vários motivos para estar preocupada e não a rir-se jocosamente enquanto o Mundo assistia a tão triste novela. Quando alguém prevarica de forma evidente e quem manda decide perdoar na hora e negar as evidências, raramente dá bom resultado. Aprendi-o com as desilusões que a vida nos traz, porque já cometi o mesmo erro.
Ainda assim, há males que vêm por bem. Vieira, que andava tão arredio a gastar dinheiro num lateral-esquerdo, está agora disposto a gastar mais 7 milhões num jogador para ocupar o lugar que Fábio Coentrão deixou órfão. Sebastien Pocognoli é o eleito e o negócio está quase fechado. Uma excelente forma de retirar força mediática ao caso Luisão e finalmente uma boa notícia para Jesus, que depois dos sorrisos no relvado deve ter-se apercebido que as brincadeiras de Dusseldorf traziam poucas razões para alegrias. A confirmarem-se as qualidades do internacional belga, a chegada à Luz é importantíssima. O equilíbrio que pode trazer à equipa é vital para que as legítimas aspirações encarnadas se tornem realidade.
Texto publicado na versão impressa de Record no domingo, 12-08-2012
