Uff, já se joga…
Pode ser defeito profissional, mas estar a trabalhar sem ter de vez em quando um joguinho para ver, é coisa que não me agrada. Sim, eu sei, foi ano de Europeu e não devia estar aqui a queixar-me. Sim, Portugal até chegou longe e o país vibrou com Ronaldo e companhia. Mas não é disso que estou a falar.
O futebol de pré-época, tantas vezes mal jogado e com substituições para todos os gostos e feitios, é um dos grandes momentos do ano. Provavelmente porque aqui todas as aspirações são legítimas, todas as conjeturas admissíveis, enfim, a altura dos palpites, em que todos percebem de futebol, mesmo os que sonham com o título e lá no fundo sabem que o mais certo é serem o último dos primeiros.
O FC Porto já entrou em ação, anteontem foi a vez do Benfica e para a semana há Sporting. É isto que anima verdadeiramente Portugal. Por muito que o Euro’2012 tenha sido um momento de aparente união nacional. É que, infelizmente, a Seleção não é o alimento dos que respiram futebol. Preenche apenas os que ao longo do ano passam bem sem bola mas que param sempre que se ouve o hino nacional. Poderíamos até chamar-lhe as pessoas normais. Ou seja, mulheres, crianças e alguns homens adultos. Não muitos. Os outros, os doentes, nessas alturas preocupam-se é se o golo foi apontado por alguém do seu clube e se o sofrido foi culpa do defesa do emblema do rival.
Por isso, a chegada destes jogos amigáveis mas que o adepto leva muito, mas muito a sério, são uma espécie de café da manhã. Pode viver-se sem ele, é verdade, mas o dia não é a mesma coisa. Ainda por cima, o defeso parece finalmente animar. Os leões apresentaram um Pranjic resgatado no primeiro mundo, o Benfica continua à caça de um lateral e o FC Porto deu uma pipa por Jackson. Como diria o outro: é disto que o meu povo gosta.
Texto publicado na edição impressa de sábado do Jornal Record
