Jesus de corda na garganta
Do milagre do título ao calvário das derrotas constantes com o FC Porto, muito mudou a vida de Jorge Jesus no Benfica de uma época para a outra. Na preparação de 2011/12, a dispensa de Nuno Gomes foi um óbvio erro político e provavelmente também um erro desportivo, se olharmos aos números do avançado a temporada passada, nas escassas oportunidades que o técnico lhe deu para mostrar que ainda sabia jogar futebol. E a verdade é que mostrou, pelo menos mais do que nomes como Kardec ou Weldon, apostas de Jesus que não deixam saudades.
O título conquistado na época anterior e a boa relação com Luís Filipe Vieira deram ao treinador a continuidade, apesar de haver na direção quem acreditasse que o melhor teria sido mudar de timoneiro. E assim chegamos a um arranque importantíssimo, em que há ainda muitas decisões a tomar e onde finalmente se sabe quem manda mesmo no futebol encarnado:_Jesus e Vieira. Rui Costa toma conta de algumas pastas, Carraça de outras, mas os caminhos são apontados pelos dois primeiros. Se correr bem, amigos para sempre. Se correr mal, sabe-se quem ficará no lugar e quem será chutado para canto. É a lei da vida no futebol, por muito injusto que às vezes seja.
Desportivamente, a saída de André Villas-Boas do FC Porto veio equilibrar a Liga, e se ainda se confirmarem as saídas de Falcão e Moutinho, aí o Benfica torna-se no mais forte candidato ao título. Os encarnados estão obrigados a um início a todo o gás, que confirme a presença na fase de grupos da Champions – vital desportiva e financeiramente –, fazendo esquecer o triste campeonato passado, em que os frangos de Roberto e a pouca vontade de algumas estrelas custaram caro.
Jesus sabe que tem a cabeça no cepo e que só títulos lhe garantirão longa vida na Luz. É a vida de um treinador. Porventura, este merecia mais. Mas são muitos erros. Dele e de alguns que o rodeiam. O futuro é já a seguir.
