As subtilezas dos pontapés da marca dos 11 metros
Num exclusivo para a freguesia BnA, eis uma excelente reflexão do profesor José Neto sobre os pontapés da marca dos 11 metros:
De facto, essa de dizerem que os Penaltys são uma lotaria e sorte etc… são desculpas “esfarrapadas”. Aliás para mim a sorte é significado de 2 elementos muito próprios: OPORTUNIDADE + COMPETÊNCIA.
Quanto às grandes penalidades e seguindo um estudo de Morris e Franks (2004) e completado com alguma investigação e treino, permita-me referir-lhe o seguinte:
Sendo a velocidade da bola chutada de forma muito potente á volta 120/km hora, a sua velocidade varia de 20,83 a 27,77m/segundo. O tempo até à baliza é de 600 a 400 milisegundos. A velocidade média de execução do G.Redes é de 4m/segundo. O movimento do G.Redes até ao poste mais distante é de 915milisegundos, logo, quando este teria de ter uma velocidade média de execução de 7,7m/segundo. Tudo isto significa que o G.Redes tem de antecipar o seu movimento em relação à saída da bola. …e mais tem de estudar a biomecânica da articulação coxo femural , a trajetória de corrida do marcador, ler a distância do pé de apoio do marcador etc…etc… isto é TEM MUITO PARA TREINAR se quizer ter ÊXITO!….Mas treinar com QUALIDADE.
Quanto ao Jogador marcador de penatys também tem de ter em atenção um conjunto complexo de pistas antes de escolher a resposta mais adequada, como sejam as variáveis do tipo atencional estreito ou amplo, a focalização de estímulos externos ou de si próprio que condicionam a atitude como sejam os elementos distratores que prejudicam a acção e a forma como os combater.
Depois disto entrar numa dinâmica de Treino que permita expoenciar as competências , tais como:
– Visualizar mentalmente o êxito de forma antecipada – elemento altamente facilitador de espectativa positiva para o sucesso.
– Orientar o foco atencional de forma superiormente definida – usando a leitura fina e apurada de relação causa/efeito . Ex: gota de chuva…a corrente de àgua da torneira… a garrafa de água … o leito do rio… a queda de água…o oceano, etc…etc… luta precisa e imediata de seleção de cores … outros elementos associando a temperatura etc…etc…
– Trabalho respiratório perfeitamente controlado, com avaliação de frequência cardíaca.
– Leitura de expectativas e risco.
– Atenção e Concentração.
– Seleção do remate
– Execução.
Depois desta organização de plano de Treino e sua repetição a elevada potência em termos de volume, o atleta marcador estará muito mais próximo do abraço com o ÊXITO, sabendo que a Ansiedade dos jogadores influencia a direção do olhar em zonas que constituem as maiores fontes de preocupação.
Ora isto requer TREINO COM QUALIDADE e não a tal sorte ou lotaria dos penaltys. Aliás, ao olhar para a inquietude dum jogador na marcação deste tipo de lance( o exemplo de C.Ronaldo no Euro, enquanto os colegas se entregavam à tarefa de rematar para a baliza, notava-se que ele estava tão inquieto e intanquilo que , penso que se fosse a marcar o penalty decisivo… mais próximo estaria de o falhar!
UM ABRAÇO SEMPRE FRATERNO
Zé Neto
Amigo Eugénio, tive algumas discussões com algumas pessoas por causa precisamente da forma como os guarda-redes abordavam as grandes penalidades…diziam-me que o guarda-redes deveria se lançar após a bola ter saído do pé do marcador, eu defendia sem saber isto que Prof. aqui apresentou, que era quase impossível defender uma grande penalidade assim, o guarda-redes deve de se antecipar ao marcador, deve de aguentar o máximo de tempo possível até ao impacto da bola mas ter na mente já o lado para onde se deve lançar….boa reflexão do Professor José Neto, abraço!
Entretanto, Lúcio, antigo guarda-redes do Leixões, atual adjunto de Carlos Brito, corrobora a tese do professor:
