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No desporto, como em qualquer outra área, por vezes não basta ser competente para que tudo corra da melhor maneira. Que o diga, por exemplo, o australiano Steve Hooker, o actual campeão mundial e ..." /> Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Campeão desenquadrado

25 Setembro, 2010 0

No desporto, como em qualquer outra área, por vezes não basta ser competente para que tudo corra da melhor maneira. Que o diga, por exemplo, o australiano Steve Hooker, o actual campeão mundial e olímpico do salto com vara. Pese toda a sua reconhecida qualidade, o saltador apanhou valente susto, esta semana, quando falhou um ensaio na cidade inglesa de Newcastle. Observando ao pormenor o vídeo fica-se com a ideia de que, ao invés da primeira opinião, o atleta teve muita sorte e não azar. É que não ficou muito longe de se ter lesionado de forma grave.

O rapaz vai a todas

 

Alexandre Frota, conhecido actor brasileiro (de novelas e de filmes, a maioria dos quais com direito a bolinha vermelha) que já passou por uma das edições do “Big Brother” português, não perde uma oportunidade para se promover junto do público. Agora, lembrou-se de virar jogador de futebol americano. E teve direito a apresentação por parte do seu clube, o Corinthians Steamrollers.

O novo reforço, que irá alinhar com o número 77, passou 40 dias a treinar à experiência. E parece apostado em levar a coisa a séro. “Sempre fui um grande fã da modalidade”, disse. Resta saber se isto não passa de mero golpe publicitário. Dele, do clube ou de ambos.

Estava mesmo a pedir

23 Setembro, 2010 0

A mensagem de Isabel Alçada, Ministra da Educação, a desejar um bom ano lectivo aos alunos, aos professores… e até às famílias foi um momento de tremenda infelicidade da governante. Para além de ter tratado os jovens como um gigantesco bando de tontos, fez ela própria uma triste figura da qual, com toda a certeza, já estará arrependida. Mas, depois do disparate, já nada havia a fazer. Apenas esperar pelas “ondas de choque”. E as consequências não tardaram. Com muita piada, um adolescente devolveu o “tratamento” de que tinha sido alvo e, em poucas horas, transformou-se numa vedeta nas redes sociais. Para quem não sabe do que estou a falar… espreite os vídeos:

Devia ser mentira… mas não é

Num País em que alguns consideram não ser importante impor um limite de faltas aos alunos e onde outros pensam que acabar com os chumbos será uma medida essencial, temos de concluir que o relato que se segue acaba por ser normal. O problema, grave, é que isto de normal não devia ter absolutamente nada…

As dificuldades apareceram no ensino secundário, quando a Matemática se tornou uma verdadeira dor de cabeça para Tomás Bacelos. Por mais que insistisse, não conseguia passar à disciplina e os chumbos sucessivos acabaram por fazê-lo desistir da escola sem acabar o liceu.

No ano passado, Tomás Bacelos arranjou a solução ideal para contornar o problema. Inscreveu-se num Centro de Novas Oportunidades em Esposende, frequentou dois módulos (Saberes Fundamentais e Gestão) e em meses conseguiu equivalência ao 12.º ano. Acabou agora por entrar na faculdade, no curso de Tradução, na Universidade de Aveiro, e é oficialmente, segundo as listas do Ministério do Ensino Superior, o aluno com a mais alta nota de candidatura do país: 20 valores.

A questão é que a sua média não tem em conta as notas do secundário – que não terminou – e baseia-se apenas no exame nacional de Inglês, o único que teve de fazer para entrar em Tradução e onde conseguiu nota máxima. Ainda tentou concorrer a um curso de Biologia, fez a prova de ingresso, mas não foi além dos 7,4 valores.

Ao contrário de Tomás Bacelos, todos os jovens do ensino regular tiveram de realizar provas nacionais a várias disciplinas e apresentaram-se a concurso com estas classificações e com as notas do secundário.

O percurso de Tomás e dos restantes alunos não podia, por isso, ser mais diferente. Ainda assim, ele disputou as mesmas vagas e concorreu em igualdade de circunstâncias com os outros. A lei permite-o, mas o jovem, 23 anos, sente que beneficiou de uma injustiça.

“Para mim, foi ótimo. Mas é claro que é bastante injusto porque os outros passam anos a esforçar-se para terem boas médias. Com o Novas Oportunidades, uma pessoa que só tem o 7.º ano pode fazer o 9.º em seis meses e a seguir, em ano e meio, consegue tirar o 12.º. Se tiver sorte, pode passar à frente e tirar o lugar às pessoas que fizeram esse esforço. Conheço quem tenha entrado assim no ensino superior”, admite.

Discriminação positiva

Contactado pelo Expresso, o Ministério do Ensino Superior não revelou, até à hora de fecho da edição impressa, quantos estudantes entraram na universidade por esta via, retirando lugares a candidatos do ensino regular. No curso de Tradução da Universidade de Aveiro, onde Tomás Bacelos entrou em primeiro lugar, por exemplo, quatro jovens que também colocaram a licenciatura como primeira opção acabaram por ficar de fora. O último a conseguir entrar teve 14,4 valores de média.

Certo é que a história de Tomás Bacelos está longe de ser a única. “O caso dele só é visível porque tirou uma grande nota no exame. Mas houve outros alunos que entraram da mesma maneira, só que não saltam à vista nas estatísticas”, garante António Boaventura, do Centro Novas Oportunidades da Secundária Henrique Medina (Esposende), que Tomás frequentou. “Há uma discriminação positiva destes alunos”, reconhece.

O presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, Virgílio Meira Soares, admite que possa haver uma “injustiça”, mas rejeita responsabilidades e lembra que os candidatos vindos do Novas Oportunidades também podem acabar por sair prejudicados com esta legislação. Isto porque só concorrem ao superior com uma única nota de exame, sem outras classificações a pesar na média, o que pode prejudicá-los caso a prova não corra bem.

Luís Capucha, presidente da Agência Nacional para a Qualificação e um dos responsáveis pelo programa Novas Oportunidades, recusa comentar as regras de entrada no ensino superior, por não serem da sua competência. Ainda assim, afirma que “não faz sentido aferir a dificuldade de ingresso pelo número de exames exigidos” aos estudantes.

O que diz a lei

Os alunos que concluíram o secundário através de vias de formação que não preveem a atribuição de notas (como os cursos de Educação e Formação de Adultos do programa Novas Oportunidades) e que pretendem aceder à universidade concorrem apenas com as classificações que obtêm nos exames nacionais exigidos como prova(s) de ingresso no curso que querem. Dispensam todos os restantes exames nacionais. A nota que obtiverem na(s) prova(s) de ingresso vale como nota de conclusão do secundário.

Por exemplo, como Tomás Bacelos teve 20 no exame de Inglês, foi-lhe atribuída “administrativamente” essa classificação como média do secundário. Outro regime excecional de ingresso é o que abrange quem tem mais de 23 anos: os candidatos não precisam de ter concluído o secundário e dispensam a realização de qualquer exame nacional. A diferença é que, neste caso, o concurso tem vagas próprias (fora do concurso nacional) e cada instituição fixa os critérios de entrada.

Texto publicado na edição do Expresso de 18 de setembro de 2010

Quem anda à chuva…

22 Setembro, 2010 0

A sabedoria popular diz-nos que quem anda à chuva molha-se. E isso é mesmo verdade. Por muito que, neste caso particular, se questione a total legalidade da posição japonesa, a norte-americana Paris Hilton tudo tem feito para se meter em confusões do género. E quando assim é… só tem de se aguentar à bronca.

“As autoridades japonesas negaram hoje a entrada no país à modelo norte-americana Paris Hilton, alegando que a multimilionária foi condenada nos Estados Unidos por posse e consumo de drogas.

Um porta-voz das autoridades nipónicas disse que Paris Hilton «não foi autorizada a entrar no país», tendo a «celebridade» decidido regressar aos Estados Unidos, após várias horas de interrogatório nas instalações aduaneiras do aeroporto de Narita-Tóquio.

Pelas leis japonesas, as autoridades podem negar a entrada no país a pessoas condenadas por posse e consumo de drogas.

Acompanhada pela irmã, Paris Hilton chegou a Tóquio na terça-feira, no seu jacto particular, e pretendia participar num desfile de moda e promover a sua marca de roupa e acessórios num hotel da capital japonesa.

A herdeira do império hoteleiro Hilton, fundado pelo seu bisavô Conrad Hilton, passou a noite num hotel próximo do aeroporto e esta manhã decidiu abandonar o país para evitar mais horas de interrogatório, divulgou o jornal local Mainichi.

Paris Hilton, 29 anos, foi presa nos Estados Unidos em Agosto, por posse de cocaína, tendo as autoridades do estado do Nevada condenado a modelo a entrar para um programa anti droga, a pagar uma multa de 2000 dólares e a cumprir 200 horas de trabalho comunitário”

(Notícia retirada do site da TSF)

Olhar para baixo ou para cima?

21 Setembro, 2010 0

No final do Benfica-Sporting, Jorge Jesus lançou um aviso: as equipas que estavam no cimo da classificação iriam começar a sentir a aproximação dos encarnados. Naquele momento, é certo, o técnico tinha razão. Contudo, quando a jornada encerrou, o FC Porto – obviamente o principal visado no recado – recolocou a diferença em impensáveis 9 pontos. Por outras palavras, o discurso emotivo de Jesus pode ter tido validade em relação a alguns emblemas, pode até revelar-se acertado daqui a umas semanas mas, para já, não perturbou (psicológica ou factualmente) os dragões que, na Choupana, voltaram a vencer. Nem através das previsões dos seus mais dedicados adeptos, os portistas poderiam imaginar ter tantos pontos de avanço em relação ao campeão quando ainda só se disputaram 15.

Confesso que também não esperava ver o FC Porto tão à vontade no comando da Liga mas, até à data, não restam dúvidas que tem sido a melhor equipa. Hulk, Falcão e Varela, três atacantes de qualidade indiscutível, atravessam bom momento de forma e confiança e, em traços gerais, têm-se entretido a passar por cima de todos os opositores que lhe surgem pela frente. A equipa, o colectivo, está a funcionar bem mas, ainda assim, creio ser a capacidade individual a marcar a diferença. Mas, desta ou daquela maneira, essencial é que o conjunto tem sido sempre mais forte que os adversários. E foi no primeiro embate “a doer”, na Supertaça com o Benfica, que os azuis e brancos sentiram que tinham embalagem para, logo de entrada, escapar à concorrência no Campeonato.

Como sempre sucede com os líderes, também aos pupilos de Villas-Boas (que a continuar imbatível não tardará a ter um dos maiores egos do futebol local e não só) não tem faltado a estrelinha da sorte. Seja o penálti nos últimos instantes, o autogolo a abrir caminho para mais um triunfo, a desatenção dos juízes aquando das irregularidades na sua grande área ou os contínuos deslizes dos principais rivais. Tudo tem batido certo com as pretensões nortenhas. Mas, se isso é verdade, reafirmo que o essencial é que segue na frente aquela que tem sido a equipa mais poderosa, a que tem jogado mais e melhor futebol. E quando assim é, dar demasiada importância à sorte, ao azar, às arbitragens ou aos erros dos opositores acaba por ser imoral. Basicamente… lidera quem merece, quem mais tem feito por isso.

O Benfica, justo vencedor no dérbi com os vizinhos da Segunda Circular, volta a ter espaço para ganhar confiança e, quem sabe, pelo menos não se atrasar mais. Contudo, para que essa estabilização seja real, a equipa precisa, já no próximo duelo, no Funchal, levar de vencida o Marítimo, formação que, curiosamente, está muito mal classificada. Só conseguido 3 pontos na Madeira, as águias poderão continuar a dar passos no sentido de recuperar, de forma óbvia e não aos soluços, o ritmo (e o moral) de há uns meses.

Quanto ao Sporting, a equipa (e o clube) parece andar sistematicamente às voltas regressando sempre ao ponto de partida. Muda muita coisa em Alvalade, é certo, mas o mais importante fica invariavelmente na mesma. Os leões foram incapazes de verdadeiramente “jogar” na Luz. Uma oportunidade e meia de Liedson foi tudo quanto os verdes e brancos lograram construir. É pouco, muito pouco. Jogando de forma receosa, sem criatividade, imaginação e alma, os leões só podiam perder. A questão era saber por quantos. Acabou por não ser muito pesado, mas podia ter sido. E para isso nem seria necessário um Benfica avassalador como em tantos encontros na temporada passada. Bastou uma equipa atenta, inteligente, veloz na transição defesa-ataque (notável Coentrão), eficaz na finalização (Cardozo a responder como deve aos assobios da bancada), aplicada a reduzir os espaços ao adversário e… desta vez a jogar com 11!

Muito mais que um dérbi

19 Setembro, 2010 0

Aquando do sorteio da actual edição da Liga, poucos admitiam como possível que, à 5.ª jornada, um Benfica-Sporting podia ser tão importante para ambos os conjuntos. Contudo, é exactamente isso que acontece de momento: a partida tem cariz de decisiva, embora a matemática nos diga que tudo (ou praticamente tudo) ainda é susceptível de ser alterado nos meses seguintes. 

Águias e leões não podem, sob pena de se atrasarem de forma demasiado evidente na classificação, sair do embate da Luz sem pontuar. E mesmo embolsar um mísero pontinho será escasso, caso o FC Porto consiga fazer na Choupana aquilo que tem logrado em todos os campos do País e do estrangeiro: ganhar.

Sendo justo começar por referir que o grande culpado pelo momento algo delicado dos vizinhos da Segunda Circular é o… FC Porto (se os dragões não estivessem tão eficientes, os deslizes alheios teriam menos impacto), convém não ignorar que os rivais lisboetas têm muitas responsabilidades na sua sorte. Ok, é verdade, com um pouco mais de estrelinha (já para não falar de arbitragens), seria fácil que Benfica e Sporting tivessem somado mais uns pontos. Contudo, se analisarmos de outra forma, também se pode dizer que a situação podia estar ainda mais complicada. Bastava Hugo Leal ter acertado um penálti na deslocação do Vitória de Setúbal à Luz e o juiz André não ter tido uma Gralha enorme na recepção caseira dos leões ao Olhanense e talvez o cenário fosse ainda mais negro.

Jorge Jesus, como sempre tem feito desde que começou a temporada, resguarda-se no facto do Mundial ter atrasado a preparação de algumas das suas pedras basilares. É por isso, segundo ele, que as coisas não têm corrido bem. Não aceito essa versão. Pelo menos de forma tão linear. Dos 7 encarnados que estiveram na África do Sul, dois já não fazem parte do plantel e só Maxi Pereira, Cardozo e Fábio Coentrão jogaram com regularidade, embora o lateral esquerdo tenha regressado a casa (juntamente com a Selecção Nacional) muito antes da prova acabar. Pretender justificar três derrotas (mais que em todo o campeonato anterior) em quarto jornadas só com isso ou com os erros da arbitragem é uma mera forma de sacudir a água do capote.

O Benfica está pior, basicamente, porque: os reforços não pegaram de estaca (tal como sucedeu com Di Maria, dá a ideia que alguns dos seus compatriotas precisam de tempo e de apanhar a equipa numa onda mais favorável), Cardozo, Saviola e companhia não exibem o fulgor ofensivo de há uns meses e a defesa deixou de ser segura pelo motivo que todos sabem, mas só alguns admitem. A juntar a tudo isto creio que a forma clara como a equipa foi dominada pelo FC Porto na Supertaça mexeu – e muito – com a confiança do plantel.

Em relação ao Sporting, existe uma maior compreensão no que se refere aos tropeções. Quer se queira, quer não, estamos a falar de uma equipa nova com um treinador novo. Em traços gerais é preciso dar tempo para que a máquina comece a ficar oleada. Quem esperava que Paulo Sérgio fosse capaz de, num passe de mágica, construir um grupo sólido em meia dúzia de dias é, no mínimo, um tremendo optimista.

O grande problema, para Paulo Sérgio ou para qualquer treinador que chega a um emblema obrigado a vencer, é que tempo é coisa que dirigentes e adeptos nunca possuem em abundância. Ganhar tem de ser uma missão imediata e praticamente constante. É por isso que o jovem técnico está pressionado. Independentemente de poder estar a moldar um grupo forte e coeso, só terá tempo para o afinar se, pelo caminho, não ficar muito longe do topo.

Queiroz é culpado. E os outros?

8 Setembro, 2010 0

Não vi o jogo com o Chipre e assisti, em directo, apenas aos derradeiros 20 minutos do embate na Noruega. Por isso, o que sei sobre esse duelos resulta essencialmente dos resumos televisivos e da leitura de jornais. Mas, mesmo assim, concordo com a ideia geral: a Selecção está cada vez mais afastada do nível desejado, perdeu a magia do passado e, mais grave de tudo, exibe uma tremenda falta de confiança, resultante da ausência de algumas pedras influentes, de um líder indiscutível em campo e do facto de ser dirigida via telemóvel. Perante este cenário, e tendo em conta que já “voaram” 5 pontos em 6 disputados, a presença no Europeu de 2012 é, por agora, improvável.

Se já era praticamente impossível que Carlos Queiroz se mantivesse no posto de seleccionador, estes recentes resultados negativos vieram acelerar um processo que, todos sabemos, mais tarde ou mais cedo iria acabar com o seu afastamento. Pelos vistos, o divórcio está definitivamente agendado para quinta-feira, após a reunião da Federação Portuguesa de Futebol.

Aquando do fim da participação lusa no Mundial da África do Sul defendi que, pese não concordar com várias opções de Queiroz (lista de convocados, onzes apresentados, modelo de jogo, substituições e seus “timings”, por exemplo), existiam condições para seguir no posto. A Federação considerou o mesmo, confirmando que estar na fase final, passar a fase de grupos (na “poule” mais complicada do evento) e ser afastado pela campeã da Europa e, à altura, futura campeã do Mundo não sendo brilhante… não era desprestigiante. Depois, face às continuadas e desajustadas acções, posições, declarações e intervenções do treinador… mudei de opinião. Queiroz não podia continuar. Mas, para que conste, convém acrescentar que se o Professor tem tido uma postura mais recatada o desfecho seria o mesmo. O Governo, através de Laurentino Dias, há muito decretara o seu despedimento. Só faltava encontrar a fórmula ideal para o consumar.

Por estes dias, Queiroz é o culpado de tudo o que de errado sucede na Selecção, mas também no País. Essa ideia, contudo, é redutora e injusta. E se a única cabeça que rolar após esta “novela” for a sua, daqui a uns meses estaremos, tarde como sempre, a perceber isso mesmo.

Queiroz tem de partir, é certo, mas outros actores devem ser igualmente responsabilizados e afastados. Desde logo Gilberto Madaíl. Reconheço que o seu nome ficará, para sempre, ligado a momentos altos da história do futebol nacional, mas o que de bom se fez no passado não pode servir para justificar, eternamente, decisões erradas. O líder federativo tem sido exímio em assobiar para o lado, em adiar decisões obrigatórias. O desgaste da sua imagem é óbvio. Tanto quanto o físico. Devia sair pelo seu pé, antes que seja empurrado.

Na Federação, no entanto, há mais gente dispensável. Técnicos e não só. Amândio de Carvalho é um deles. Não sei se ele é cabeça de polvo algum, mas sei que está em funções há demasiado tempo, que tem sido conivente (mais que não seja por inépcia) com várias decisões erradas e que, a ser verdade o que Queiroz afirmou (não li nenhum desmentido sobre isso), jamais poderia seguir no seu posto depois de ter assumido não acreditar no seleccionador nacional. No mínimo, devia deixar de liderar as comitivas da Selecção.

Mas, fora do edifício da FPF também há gente com responsabilidades no caos em que mergulhou o futebol nacional. Laurentino Dias mexeu directamente com um assunto que só competia aos responsáveis federativos. Fez algo que a FIFA proíbe de forma clara. Vamos ver, daqui a uns tempos, o resultado dessa intervenção. Desconfio que nos vai custar muito caro. Mas, independentemente disso, triste é observar um político preocupado com uma ou outra questão mas ignorar outras tão ou mais importantes. O que é que ele fez para os clubes portugueses não estarem repletos de jogadores estrangeiros? Que posições tomou perante a avalanche de não portugueses nos escalões de formação dos principais clubes nacionais? Tomou alguma medida para colocar travão às naturalizações a granel que, já se viu, não serviram para nada?Que opinião tem sobre os campeonatos de futebol que começam com uma fórmula de disputa e acabam com outra? Que pensa sobre a existência (única a nível mundial, acredito) de competições de divisões inferiores em que o vencedor (mesmo sem sofrer um golo) pode não subir? Como é que se mostra tão implacável na retirada do estatuto de utilidade pública a algumas federações, mas deixa a FPF navegar à sua vontade? Como é que concordou com a implementação de modelos inacreditáveis para a eleição da direcção das federações?

Enfim… nem tudo é mau. Por esta altura, os médicos da Adop parecem estar quase libertos de efectuar um controlo anti-doping matinal na Covilhã (ou noutro qualquer local) antes do Europeu de 2012. Ninguém os vai importunar se ficarmos de fora da prova. Nem ofender a mãe de Luís Horta…

Neste “filme de terror”, muita gente olhou apenas e só para o seu umbigo, esquecendo o mais importante: a Selecção Nacional, os interesses do futebol português, o País. É triste, mas é verdade. E se falharam até aqui, era de bom tom “acordarem” agora. É que ainda estão a tempo de ir dar uma volta!