Bola na Área

Aqui em Milão é assim.

Luís Filipe Vieira deu a volta ao Benfica. Acabou com o sofrimento, agregou, dinamizou, potenciou e se amanhã deixasse o clube…uma obra falaria por si – o Seixal é hoje o melhor centro de treinos do país, quiçá da Península Ibérica.

Lembram-se dele no Alverca? Não começou como presidente mas rapidamente se tornou no homem que pôs o modesto clube ribatejano na 1.ª Liga. Chegou ao Benfica com Mantorras pelo braço, para ajudar Manuel Vilarinho, após o furacão Vale e Azevedo.

Tornou-se um presidente natural, que rapidamente convenceu os mais desconfiados. O título conquistado com o impulso de José Veiga mudou o paradigma e nem o facto de nas quatro épocas seguintes o FC Porto ter sido campeão e o Sporting vice desmobilizou os benfiquistas. O Benfica já era outro Benfica.

Com Jorge Jesus no comando técnico, LFV conquistou 3 campeonatos e viu o Benfica perder duas finais da Liga Europa. Podia ter conquistado 5 campeonatos e vencido duas Ligas Europa. Quando LFV chegou ao Benfica, que benfiquista não teria ficado satisfeito com a perspetiva apenas do que foi conquistado?

Pinto da Costa – com quem aprendeu muito – sabe quanto vale o Luís Filipe que conheceu no Alverca e que lhe abriu as portas de casa. E os benfiquistas estão conscientes da capacidade do seu presidente, que podia sair amanhã deixando para trás 4 títulos nacionais e o melhor centro de treinos da Península Ibérica.

Um clube da dimensão do Benfica não se gere de forma democrática e essa também tem sido uma das virtudes de LFV, que se apressa a depurar a estrutura de quem ocupa o tempo de trabalho com sonhos presidenciais. Também é assim no FC Porto, onde muitos foram aqueles que tiveram como serventia a porta por onde entraram, de que até é exemplo um dos principais colaboradores de Vieira e foi exemplo o seu braço direito José Veiga.

LFV não é um super homem, não está acima de ninguém, não ganhou direito a cartão vitalício como presidente do Benfica. Mas os benfiquistas hoje não o trocariam por um Abramovich ou, quero crer, um Pinto da Costa que tivesse perdido o seu juízo (o que não é o caso).

LFV é hoje o Benfica e se o Benfica não é hoje LFV é apenas porque a sua dimensão histórica é uma coisa que não está ao alcance dos simples mortais. 

Tal como BnA já tinha garantido, Pedro Proença vai mesmo apresentar a sua candidatura à presidência da Liga de Clubes. Do outro lado da barricada vai contar com Luís Duque.

É uma águia contra um leão. Se repararem bem no monumento da rotunda da Boavista, mais propriamente Praça Mouzinho de Albuquerque, o leão inglês domina a águia napoleónica, numa referência às guerras peninsulares, no início do século XIX, que resultaram primeiro na ocupação pacífica de Lisboa (o rei até fugiu para o Brasil) e depois na tomada dramática do Porto.

Luís Duque tem o apoio do Benfica e dos clubes do seu arco (Belenenses, V. Setúbal, Mafra, Oriental, Atlético, Farense) e também do Sp. Braga e do Tondela. O que nos dizem é que conta com o apoio, embora não para declarar, do V. Guimarães.

Quanto a Pedro Proença, tem o apoio de FC Porto, Sporting, Moreirense, Paços de Ferreira e de outros clubes da 1.ª Liga – e o Gil Vicente, que na última assembleia da Liga apresentou uma moção de apoio a Luís Duque, não vai transformar em mentira o que ontem era verdade. Os clubes da 1.ª Liga têm dois votos cada. Os da 2.ª apenas um voto mas estou convencido que a luta se vai decidir com os clubes do escalão secundário, que hoje já tiveram uma prenda de Luís Duque…

Pedro Proença é, como se sabe, adepto do Benfica.

Luís Duque é um leão que dispensa credenciais.

Mas, curiosamente, temos aqui o portista Pinto da Costa a apostar todas as fichas no benfiquista Pedro Proença. É reduzir demasiado a questão mas é verdade.

Duque tem a seu favor o facto de ter pacificado a Liga após a passagem, tipo buldózer, de Mário Figueiredo, ex-genro do presidente do Marítimo, que já surgiu a declarar o seu apoio a…Proença.

Quanto a Proença, tem outra força e para além de ser quem é no futebol, também é um gestor com provas dadas, com empresas no Porto, em Leiria e em Lisboa. Homem muito pragmático nas suas ações, não dependente de um vencimento como presidente da Liga, sem qualquer ligação à política, profundo conhecedor do meio futebolístico, Pedro Proença tem muitos trunfos do seu lado.

Mas também no futebol a política pode sempre torcer o rabo a qualquer perspetiva lógica. Por isso, Proença vai ter de dar o seu máximo para bater Duque no foto-finish.

O folhetim promete.

Entretanto, vão passando pela rotunda para ver se as coisas mudaram.

Um desafio aos leitores? Que estrutura é esta do Benfica?

Bem, trata-se apenas do restaurante “O Barbas”, na Costa de Caparica.

Onde Jorge Jesus nunca mais foi visto a almoçar ou jantar desde que assinou pelo Sporting, embora more perto.

A última vez que lá comi por acaso encontrei JJ.

Vem a isto a propósito do quê, perguntará já o leitor menos condescendente com as divagações do autor deste espaço?

Estamos ou não na sealy season? Também tenho direito.

 E, não, não tenho nenhum amigo que trata os guarda-redes por Pinguins nem acho que 54 anos seja uma vida…

António Fiúsa já batizou a operação de vistoria às contas dos clubes – que visa Boavista, V. Setúbal e Académica – à sua maneira: “Operação Lixo Tóxico”.

Veremos no que isto vai dar.

Para já, o Gil está em cima da máquina fiscal.

Segundo Pinto da Costa, em declarações ao circunspecto “El País”, há um estudo sobre as arbitragens da época passada que conclui que o Benfica foi beneficiado em 7 pontos.

Curiosamente, o presidente do FC Porto não quantifica o benefício da sua equipa.

Urge, pois, retirar esses 7 pontos ao Benfica. Sempre é mais um ponto do que aqueles que o FC Porto perdeu, sem recorrer, na sequência do processo Apito Final.

Entre o fogo de artifício do início da época, com Casillas e Maxi no FC Porto, o bicampeão em tourné e o Sporting a afiar as unhas nada mais parece importar no nosso futebol. Nada de especial pois a atualidade por norma resume-se aos três grandes. Os outros clubes não passam de figurantes e a guerra que já se vive na Liga só interessa um bocadinho porque envolve os presidentes desses clubes.

Dois deles, Bruno de Carvalho e Pinto da Costa, como base de sustentação da pré-candidatura de Pedro Proença à presidência da Liga de Clubes, para cumprir a vacatura. PP parece ter gostado da ideia e já anda a conversar com presidentes de clubes. Mas, tanto quanto BnA apurou, ainda tem de comer alguma boroa para apanhar Luís Duque, que entretanto anunciou a sua recandidatura.

Duque tem o apoio do Benfica, Sp. Braga, Belenenses, Boavista, P. Ferreira, Tondela e, embora de forma encapotada, V. Guimarães. Mas há mais clubes da 1.ª Liga que já declararam apoio ao antigo administrador do Sporting.

Mas Proença é um candidato muito forte. Falta apenas saber se entre hoje e amanhã, contadas as primeiras espingardas, decide mesmo avançar, correndo o risco de “queimar” a sua ambição de ser presidente da FPF com uma derrota nas eleições da Liga.

(não esquecer que dentro de um ano teremos eleições para a FPF!)

Se Proença avançar, estou convencido que tem tudo para ganhar. Apesar de até aqui seguir na frente, Luís Duque está a pôr-se a jeito para um xito à moda do Porto. A não ser que o Porto e os xitos já não sejam o que foram. Digo eu.

Esta imagem dispensava palavras.

Eis o novo dono da camisola 2 do FC Porto, a que pertenceu a João Pinto e Jorge Costa.

Vem diretamente das trincheiras do inimigo.

Um amigo meu treinador, com muitos jogos de 1.ª Liga, chama “Cantinflas” ao uruguaio. O mais novos já não se lembram mas a malta da minha geração gozou à brava com o personagem cómico criado pelo mexicano Mario Moreno, cujo género cómico tinha o nome de “peladito”.

Era aqui que queria chegar. À questão do género.

Também no futebol se verifica o mesmo que acontece no cinema ou no teatro: nem sempre é fácil distinguir o que é tragédia e o que é comédia.

De aí também o sucesso do futebol, esse jogo por vezes entediante que permite empates e põe o homem a dominar a bola com os pés (imaginem o que seria da pintura e da escultura se também fosse assim).

A verdade é que para além do que se joga nas 4 linhas, o futebol é também muito isto: as paixões que gera, as rivalidades, o folclore, o-que-será-que-vai-dar-isto, sempre numa contínua renovação pois ainda um campeonato não terminou e já se está a pensar no seguinte.

 Foto ANTÓNIO REIS

Maxi no FC Porto é bom para o futebol, genericamente.

As reações que já estão a acontecer são apenas a prova desse resultado.

De todas as reações que já li, esta parece-me a mais lúcida de todas, a do Humberto Silva, guarda-redes e irmão do antigo capitão leixonense José António.

Casillas e Maxi no FC Porto…como Benfiquista que sou, deixo aqui a minha opinião…em relação ao Casillas, a meu ver, e comentando a nível desportivo, é uma contratação de enorme qualidade para o FC Porto, e irá certamente ser um privilégio para o futebol português poder contar com “tamanho” GR no seu campeonato…à custa desta contratação, faço questão de ir ver a apresentação dos Dragões (já não é a 1ª vez)! Quanto a Maxi, podem dizer o que quiserem, e eu mentiria se diss…e-se que não estou surpreendido com a sua atitude, mas no futebol há muita gente assim, olham somente para a carreira (e eu respeito) e estão-se nas tintas para os valores morais! A nível desportivo, para mim, mais uma excelente contratação do FC Porto, que terá um jogador com uma entrega fora do normal em campo, e um dos melhores laterais da liga…mas isto sou eu a dizer, e quem sou eu!!!!

Com o folhetim Casillas ainda a render, segue-se Maxi.

O FC Porto raramente falha os seus alvos mas às vezes os outros também fecham os olhos.

Tal como nunca acreditou que Jesus pudesse ir para o Sporting, Luís Filipe Vieira também nunca teve muita fé na renovação de Maxi.

Quanto ao FC Porto, está na pele daquele jogador de casino que vem de uma noite de azar e que aposta todas as fichas que tem no bolso.

Casillas para a baliza quando Helton está no ponto e tem um currículo no FC Porto que já lhe deu direito a lugar no museu.

Maxi para o lugar de Danilo, aquele jogador que os portistas odiavam sob o argumento de que dava cacete e só não era expulso porque contava com o tal manto protetor.

Um jogador de futebol vai para onde mais lhe pagam, sobretudo quando está em fim de carreira. O amor à camisola acabou há muito tempo e mesmo muitos dos antigos jogadores que o apregoam só o fazem porque naquela altura não tiveram quem desse mais um cêntimo por eles. São raros os bateriologicamente puros, que se entranharam na cultura de um clube.

Eu próprio já troquei várias vezes de camisola e também estou em fim de carreira (só para avisar).

O que podem Casillas e Maxi dar ao FC Porto?

Não é o que podem dar. A questão que se coloca é sobre o que já estão a dar.

Casillas está a dar ao FC Porto projeção mundial.

Maxi está a dar ao FC Porto o antagonista que é preciso.

Podendo parecer muito, pouco é que não é.

A contratação de Casillas colocou o FC Porto no topo da atualidade desportiva. Mas não será uma coisa pontual.

Está desde logo justificada esta jogada de mestre de Lopetegui, Pinto da Costa, Lopetegui, Anterio Henrique e Lopetegui.

Não tenho muito mais a acrescentar depois do que escreveu hoje Rogério Azevedo n' A Bola, 4 páginas magníficas sobre Iker e os efeitos da contratação – ainda vão acontecendo momentos destes na nossa imprensa desportiva mas aproveitem pois está a acabar.

Apenas quero acrescentar que o FC Porto sabe em que mundo vive.

Não sei o que Casillas vai acrescentar do ponto de vista desportivo, o que sei é que a sua contratação pelo FC Porto coloca o clube português que mais ganhou nos últimos 30 anos à frente de todos os outros em termos de marketing desportivo. E não estou a falar apenas da concorrência interna.

Mas, convenhamos, o Varzim também está bem no marketing com o lançamento desta linha de cuecas…