A ideia da Moda enquanto arte, inspirada pela arte ou em colaboração com artistas não é nova. Mas o conceito de Arthur Arbesser de juntar roupa com obras existentes é muito mais original.
No desfile da última estação, a sua coleção de inverno foi colocada em confronto com a Arte no apartamento do arquiteto Luca Cipelletti. A isso, seguiu-se a primavera-verão 2015 num desfile de Arte e Moda numa garagem abandonada de Milão.
Aí, o trabalho modernista de Carlo Valsecchi, maioritariamente de empréstimo de museus e coleções privadas, estava pendurado como numa galeria, com modelos vestidas adequadamente em peças da coleção de Arbesser.
Por isso, um vestido desportivo semi-transparente, aparentemente em nylon mas na realidade em organza, era exposto ao lado de uma série de imagens de leveza desfocada.
A história desenrolou-se ao longo de seis quartos, cada um com obras de arte escolhidas a dedo, de modo a um que um blazer sofisticado fosse visto próximo daquilo que parecia ser uma explosão de luz através de uma escuridão de veludo. Ou um espaço verde fresco e branco nebuloso fosse coordenado com um macacão em vermelho, branco e azul.
Este emparelhamento artístico é difícil de executar porque requer que tanto o criador como o artista estejam em sintonia no uso da cor, textura – e imaginação.
A Arte de Valsecchi e a Moda de Arbesser, curadas por Cipelletti pareceram encaixar na perfeição.
Havia ainda uma colaboração na última divisão, com um vídeo da artista Samantha Casolari. Enquanto isso, as roupas desportivas e usáveis com um toque de originalidade estavam suspensas do teto para os compradores verem.
Uma série de novos desfiles inspiradores de uma geração emergente – tal como exposta nesta apresentação final para a primavera-verão 2015 – sugere que a Moda de Milão tem criadores para o futuro. Vamos esperar que possam ser acarinhados e encorajados a crescer.