Uma abordagem italiana a um artista francês com uma exposição em Londres – parece intrigante. E foi. Com mais uma dose de inspiração para a passarela vida da recente exposição dos recortes de Henri Matisse na Tate Modern, Tommaso Aquilano e Roberto Rimondo deram a sua reviravolta histórica ao modernismo.
A inspiração particular da dupla foi o trabalho de Matisse na capela de Vence, no sul de França. O desfile começou – e atingiu o seu melhor momento – com camadas de chiffon e organza que deram um look cinematográfico às roupas.
Viram-se saias com vislumbres desfocados das pernas no seu interior e vestidos em tecidos leves por vezes combinados com telas mais grossas. As cores eram todas pálidas como gesso e arejadas, algumas com padrões recortados em cores frescas como rosa e verde.
Mais óbvias eram as libélulas impressas ou em apliques, aterrando na parte de baixo um vestido leve ou esvoaçando pelo corpo.
O último terço do desfile foi poderoso e ligeiro. Mas enquanto os designers transitaram da inspiração das obras pretas e brancas de Matisse desenhadas nas paredes em gesso da capela para os vitrais vívidos do artista, o efeito foi pesado. Primeiro, por causa das cores: vermelhos e azuis intensos, que pareciam sombras de inverno. Depois pela dedicação da dupla à leveza e à transparência, revelando o corpo.
Quando estas duas ideias se juntaram com roupa interior visível em azul e vermelho, o efeito foi quase ordinário – embora seja difícil associar estes designers poéticos a tal palavra. Porém, este desenvolvimento da visão de Matisse não se equiparou à beleza ligeira das primeiras partes do desfile.