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Suzy Menkes
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Barbara Hulanicki, Stephen Jones, Catherine St Germans e Ed Marler avaliam um desfile de moda no departamento de guarda-roupa. ©  Michael Barrett

Barbara Hulanicki, Stephen Jones, Catherine St Germans e Ed Marler avaliam um desfile de moda no departamento de guarda-roupa. © Michael Barrett

“Quero deixar uma memória na vossa mente, como se fosse uma nódoa maravilhosa. Acontece qualquer coisa quando estamos num festival. Perdemos as inibições e sentimos uma noção de comunidade”, disse Catherine St Germans enquanto poetas declamavam as suas palavras sob as árvores no bosque, jovens desfilavam os seus vestidos feitos à mão num jardim murado e os festivaleiros se atiravam para a água lamacenta do estuário.

Catherine St Germans

Catherine St Germans

No Festival de Port Eliot, que teve lugar no fim-de-semana passado na costa ocidental da Cornualha, os St Germans – Lord Peregrine e a sua mulher Catherine – criaram uma ode à excentricidade inglesa. E eu tive a honra e o prazer de me juntar a eles.

Suzy Menkes discute Zandra Rhodes com Sarah Mower. © Michael Barrett

Suzy Menkes discute Zandra Rhodes com Sarah Mower. © Michael Barrett

Sempre me senti mais atraída pelo haute boémio do que pela moda formal. O tema da conversa que tive com a minha amiga e colega Sarah Mower foi a inimitável Zandra Rhodes, que foi uma pioneira dos padrões irreverentes e cores vivas na década de 1960.

As irmãs Warren e as irmãs Spanier preparam-se para subir ao palco no jardim murado. Todas vestem Zandra Rhodes, enquanto que a última da fila veste um look Kate Moss para Topshop, inspirado em Zandra. © Fiona Campbell

As irmãs Warren e as irmãs Spanier preparam-se para subir ao palco no jardim murado. Todas vestem Zandra Rhodes, enquanto que a última da fila veste um look Kate Moss para Topshop, inspirado em Zandra. © Fiona Campbell

Isto para não referir o cabelo pintado de cor de rosa choque de Zandra. As cores loucas estão totalmente na moda agora. Em Port Eliot, sprays de cabelo excêntricos de Bumble & Bumble, chapéus malucos do chapeleiro Stephen Jones e coroas feitas com flores do prado de Piers Atkinson foram apenas algumas das formas adotadas por mulheres de todas as idades para viverem o sonho de um dia de verão.

Bea Watson de Bumble & Bumble no Departamento de Guarda-Roupa do Festival de Port Eliot. © Fiona Campbell

Bea Watson de Bumble & Bumble no Departamento de Guarda-Roupa do Festival de Port Eliot. © Fiona Campbell

No centro do evento, que Stephen Jones apelidou de “um festival fundado em palavras”, esteve uma reunião literária de autores e críticos num sítio extraordinário: o terreno circundante do castelo em pedra cinzenta e os seus edifícios em ruínas, alguns dos quais remontam ao século XII, e a igreja com vitrais de Edward Burne-Jones.

 

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© Michael Bowles

© Michael Bowles

© Michael Bowles

A arquitetura histórica foi vestida com um alinhamento de espantalhos concebidos de modo a parecerem figuras desde Maria Antonieta a Anna Wintour. Houve outro um concurso, de proteções de bule: uma versão “bule sexy” em cabedal preto com atilhos da designer de guarda-roupa Sandy Powell e outra, em malha, representando a vencedora do concurso da Eurovisão, Conchita Wurst.

Fabrico de mascaras na tenda Anthropologie e uma exposição floral. © Fiona Campbell

Fabrico de mascaras na tenda Anthropologie e uma exposição floral. © Fiona Campbell

Em frente à casa, havia uma tenda cheia de flores e comida – sendo a componente comestível um novo foco do festival, que atraiu o chique empório alimentar londrino Fortnum & Mason para instalar uma versão pop-up na orangerie. Foi descrito por Peregrine St Germans como “o mais celebrado dos vendedores epicuristas do mundo”. Ewan Venters, CEO da Fortnum & Mason, comentou que era uma excelente oportunidade para “fazer 10 mil pessoas pensarem em nós”.

Vitrais de Edward Burne-Jones. © www.english-church-architecture.net

Vitrais de Edward Burne-Jones. © www.english-church-architecture.net

O concurso de flores teve lugar na gigantesca cozinha subterrânea. Com o seu alinhamento de campainhas de chamada de todas as divisões superiores e portas identificado como “Servants’ beer & cider store”, aludia a um mundo antigo de “upstairs/downstairs”, ao estilo Downton Abbey.

Diante da casa, estendia-se uma colina bem arranjada, com erva torrada pelo sol, polvilhada por tendas e yurts. No meio das bancas de comida e lojas, havia música a tocar bem alto, encorajando os festivaleiros a dançarem durante toda a noite.

Um vestido feito no departamento de guarda-roupa do festival é apresentado na passarela.

Um vestido feito no departamento de guarda-roupa do festival é apresentado na passerelle.

Em que difere Port Eliot do famoso festival de lama e música inglês de Glastonbury ou dos norte-americanos Coachella Valley e Burning Man?

Muito menos centrado nos famosos e mais familiar, o evento de Port Eliot incluiu atividades criativas para os mais pequenos. Passei parte dos meus três dias no departamento de guarda-roupa, descrito no programa como “acampamento de base para a imaginação da moda largada à solta” e “bastidores de Narnia”.

Vi crianças de sete anos – e até mais novas – a pintarem, a fazerem impressões com as mãos e a criarem conjuntos sob a orientação de Jenny Dyson, diretora criativa da agência Pencil.

© Fiona Campbell

© Fiona Campbell

“É mesmo personalizado – é um festival de ideias”, disse Jenny. “No que diz respeito à moda, é fabuloso ver as crianças tão inspiradas pelo processo criativo.”

Suzy e o chapeleiro Stephen Jones apreciam o festival.

Suzy e o chapeleiro Stephen Jones apreciam o festival.

O resultado? Um desfile de moda onde fardos de feno substituíram as cadeiras douradas, e um desfile avaliado por Cathy St Germans, Stephen Jones, Sarah Mower e Barbara Hulanicki, fundadora da loja Biba de London Sixties. Ela ensinou as crianças a desenhar um tipi índio.

© Fiona Campbell

© Fiona Campbell

Com tantos eventos de moda, desde as entrevistas de Sarah a Simone Rocha e à ícone da moda Penelope Tree, foi difícil acompanhar a miríade de acontecimentos culturais, muito menos a cena musical.

Estaremos, então, perante um fenómeno “chega-te para lá Glastonbury” – Port Eliot é que está a dar?

“Glastonbury é o Sol que todos orbitamos”, disse Catherine St Germans. “Os ingleses organizam festivais melhor do que ninguém. E o eclecticismo do que aqui fazemos é difícil de superar.”

Suzy usa a sua coroa personalizada Stephen Jones

Suzy usa a sua coroa personalizada Stephen Jones

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Vogue International Editor Suzy Menkes is the best-known fashion journalist in the world. After 25 years commenting on fashion for the International Herald Tribune (rebranded recently as The International New York Times), Suzy Menkes now writes exclusively for Vogue online, covering fashion worldwide.

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