Esquilos e ratos invadem uma Schiaparelli revitalizada.
Quebraram-se todas as regras: ombros enormes sobre figuras frágeis; mangas de balão em raposa ou zibelina; impressões de criaturas menores como traças, ratos e esquilos; e cores fora do baralho em vestidos de seda deslizantes, com uma pincelada de chocante veludo rosa.
Era Elsa Schiaparelli revitalizada por Marco Zanini – uma reinterpretação da mulher das décadas de 1930/40 de um ponto de vista feminista. Foi credível, ousado, ocasionalmente adorável e um grande passo em frente, depois dos botins rasos em padrões animais da estreia do ano passado.
“É a minha visão pessoal do chique parisiense”, disse Marco Zanini, explicando a sua abordagem ao olho sofisticado de “Schiap” e ao seu desejo de encorajar as mulheres a mostrarem a sua individualidade.
Tudo resultava muito bem para a noite, que parece ser o forte de Zanini. Um vestido em cetim derramando-se como líquido sobre o corpo numa mistura de cor de rosa hortense e cinzento rato ou um vestido cortado em viés com esquilos correndo sobre a superfície: ambos encantadores. Acrescente-se a isso os chapéus funky e originais do chapeleiro Stephen Jones e grandes malas em pele, com um cadeado Schiap enterrado sob pele de vison ou zibelina.
Poderá a fantasia vencer? O problema reside nas roupas para o dia, nas quais os ombros gigantes assumiram um look repentino da década de 1970 e engoliram o corte delicado, ou pareceram simplesmente dramáticos ao estilo drag queen, como num casaco até aos pés com um “ES” gigante bordado no ombro.
A primeira fila, aclamando Zanini, incluía Azzedine Alaïa, Inès de la Fressange acompanhada pela sua filha Violette, e Diego Della Valle, que está por detrás do renascer de Schiap.
Inteiramente bem sucedido foi o aroma de alta costura e a sensação que os dedos mais ágeis de Paris podem criar: requintados bordados prateados de Lesage; joias intrigantes da Maison Gripoix; penas delicadas da Lemarié.
Os pormenores foram mais eficazes do que a soma das partes. No entanto, no geral, o desfile foi refrescante, extravagante e interessante.
Chapéu Schiaparelli desenhado por Stephen Jones.