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Suzy Menkes
international vogue editor

07

Versace: uma abordagem contemporânea à época de ouro da alta costura.

Donatella backstage
Donatella Versace, backstage 

“Inspirei-me na alta costura da década de 1950: alfaiataria, estrutura, perfeição.” – Donatella Versace

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Versace Haute Couture Looks 30, 18 & 08 © InDigital

A temporada de alta costura de Paris ganhou vida e brilho com Versace.

Estamos a falar nos desfiles de alta costura italianos, pois os franceses parecem estar a perder as suas joias da coroa da moda.

Donatella Versace anunciou nos bastidores que a sua inspiração para os designs simples, em preto ou azul escuro, entrelaçados com branco e com tiras de vinil brilhante em relevo, foi a década de 1950 e os dias de glória da alta costura.

Aquilo que Donatella considera discreto continua a ser glamour carregado de sensualidade para o público, sentado em cadeiras roxas sobre um tapete macio e felpudo. Os pormenores de glamour eram futuristas: rede em malha de cristal metálico, fivelas em metal e seda revestida a silicone.

Com franjas a abanar, as saias eram estreitas ou cortadas ao estilo de vestidos de baile a varrer o chão, mas todas as peças mostravam pedaços de carne. As calças com uma só perna podem não pegar. No entanto, tratou-se de uma performance controlada e, provavelmente, a maior aproximação à alta costura francesa que a designer alguma vez conseguiu.

Será que Donatella percebeu que menos é mais? O “V” de vulgaridade desapareceu da agenda da Versace. As costas expostas e uma curva na zona do peito foram formas sofisticadas de revelar uma nova geometria. E com a régua e o esquadro a seguirem a estrutura dos corpetes, o desfile ganhou um glamour retro subtil e atualizado.

Que segredo é que os italianos conhecerão e os francês não?

O programa desta semana é um dilúvio italiano, desde o desfile resort de Miuccia Prada a Miu Miu e ao renascimento de Schiaparelli pelo empresário italiano Diego Della Valle.

À semelhança do que se verifica com casas já estabelecidas como a Armani Privé e a Valentino, parecem ter um sentido italiano inato da arte de criar moda.

Contudo, houve um render da guarda nos corpos dirigentes da moda francesa, com Didier Grumbach, presidente desde 1998, a entregar as rédeas a Ralph Toledano, presidente da divisão de moda da gigante da perfumaria espanhol Puig.

Sempre admirei o alcance enérgico dos executivos anteriores que desde a década de 1970 visam fazer de Paris o centro da moda internacional.

Mas embora os desfiles de pronto-a-vestir dos designers britânicos, belgas ou japoneses tenham tornado a temporada parisiense de pronto-a-vestir híper-internacional, o mesmo não se podia dizer sobre a alta costura.

As casas francesas tombaram uma a uma. Apenas a Chanel e a Dior ainda se encontram no pico.

Até no desfile de Givenchy, que me fascinou com o requinte trabalho manual de Riccardo Tisci, o comércio sobrepôs-se à alta costura.

Enquanto via Raf Simons andar pelos ateliers da Dior, afagando com os dedos os bordados dos seus casacos, ele explicou-me a realidade de hoje. “No que diz respeito às passarelas, enquanto ferramenta de RP do século XXI, temos de ser honestos”, disse ele. “Não existem mulheres suficientes no mundo para se fazer alta costura da mesma forma que se faz pronto-a-vestir. Temos de proteger a sua beleza.”

Todavia, Karl Lagerfeld, há mais de 30 anos na Chanel, contou uma verdade diferente. “A alta costura tem de ser imaculada – e a maioria das casas não tem os nossos colaboradores. Para andar em frente, é preciso saber as técnicas. E, na alta costura, a Chanel é uma máquina de guerra.”

Suzy & Donatella
Suzy com Donatella Versace

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Vogue International Editor Suzy Menkes is the best-known fashion journalist in the world. After 25 years commenting on fashion for the International Herald Tribune (rebranded recently as The International New York Times), Suzy Menkes now writes exclusively for Vogue online, covering fashion worldwide.

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