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Não estou particularmente surpreendido com a saída de Domingos do Sporting. Já estou habituado a que, em Alvalade, aconteçam coisas difíceis de entender. E salvo raras excepções, seja no reino do..." /> — ler mais..

Não estou particularmente surpreendido com a saída de Domingos do Sporting. Já estou habituado a que, em Alvalade, aconteçam coisas difíceis de entender. E salvo raras excepções, seja no reino do..." /> Tragico-comédia leonina - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Tragico-comédia leonina

13 Fevereiro, 2012 809 visualizações

Não estou particularmente surpreendido com a saída de Domingos do Sporting. Já estou habituado a que, em Alvalade, aconteçam coisas difíceis de entender. E salvo raras excepções, seja no reino do leão ou em outro qualquer, a vítima preferencial dos maus resultados é sempre o treinador. Porém, sendo certo que o técnico errou várias vezes (não conheço um único que faça tudo bem, nem José Mourinho que para muitos é infalível), parece-me evidente que, neste processo, estão a atirar-lhe para cima das costas responsabilidades acima do devido.

Domingos é um treinador sério, competente e que já provou ser capaz de fazer “omoletas” de qualidade desde que tenha bons “ingredientes” à disposição. No entanto, não creio que seja mágico ou algo do género. Quando, vezes sem conta, apelou à serenidade – nomeadamente no período em, por causa de umas quantas vitórias normais, alguns já viam o clube a ganhar tudo o que era competição e, a curto prazo, a atacar o poderio internacional de colossos como o Barcelona ou Real Madrid -, o treinador não estava com medo de assumir responsabilidades. Estava, isso sim, a avisar os mais distraídos para uma realidade evidente: o plantel para a actual temporada era consideravelmente melhor que o anterior mas, naturalmente, estava a léguas do potencial de Benfica e FC Porto.

O Sporting versão 2011/12 não é tão forte quanto por aí se chegou a dizer, da mesma forma que não é tão mau quanto agora se tenta fazer crer. Tinha era condições para, com calma, evoluir de modo a, daqui a uns meses, poder apresentar-se mais perto da capacidade dos rivais históricos. Só que nos gabinetes verdes e brancos mora, invariavelmente, gente sem visão, pouco ou nada preparada para gerir um clube que, por estes dias, não deve funcionar como empresa, mas também não pode ser visto apenas e só como instituição desportiva. Sócios e adeptos precisam, quanto antes, de compreender que os destinos leoninos não podem continuar a ser entregues a pessoas bem falantes, trajadas a rigor, com ar aristocrático mas que, na essência, só contribuem para o avolumar dos problemas e nunca para encontrar soluções.

Todos os anónimos da família leonina têm o dever de, em definitivo, impedir que o clube continue a sua lenta marcha para o declínio. Obstar a que o poder passe de mão em mão entre os denominados notáveis é capaz de ser um bom começo para a recuperação desportiva e financeira. É que, está fácil de ver, também não é com Godinho Lopes que a coisa vai ao sítio. Este é o presidente que, horas antes de despedir Domingos, garantia de viva voz que a saída do técnico não se colocava. Que significa isso? Mudou de opinião em escassas horas? Foi demovido pelos restantes dirigentes e não logrou impor-se enquanto líder? Mentiu? Seja qual for a resposta, esta é só mais uma demonstração da sua tremenda incapacidade para recolocar o clube de Alvalade no trilho certo ou, pelo menos, para dar maior credibilidade a um clube que, na actualidade, só tem de grande o passado e a massa adepta. É que a este episódio do afastamento de Domingos, deve juntar-se, por exemplo, a conversa da suposta gravação das graves palavras de Luís Filipe Vieira no dia do dérbi na Luz ou a mal contada autorização internacional para a colocação de imagens de gosto duvidoso nos corredores do estádio.

O Sporting, tecnicamente falido, é também um clube desportivamente à beira do abismo. E nem a aventual vitória na Taça de Portugal será suficiente para animar quem quer que seja. Falhar a presença na Liga dos Campeões será simplesmente catastrófico. Contudo, mesmo tendo noção disso, os seus dirigentes optam por despedir o treinador nesta altura, numa fase em que todos deviam tentar remar para o mesmo lado. O desnorte é evidente. Tanto que oferecem o cargo de treinador principal a Sá Pinto, técnico sem experiência e alguém que, quando debaixo de stress, costuma resolver os assuntos… ao murro, inclusive a quem defende a mesma cor!

PS – Dispensar Domingos em vésperas de disputar a primeira mão de uma competição europeia é só mais uma alucinação dos dirigentes leoninos. Quando menos se espera… têm sempre algo na manga para nos surpreender. Se isto não fosse sério, até dava para rir.