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Acabou a temporada da NBA. Uma coisa mudou na história da Liga: Dallas conquistou o seu primeiro título. Outra ficou na mesma: LeBron James concluiu mais uma época (a oitava) sem ser campeão. Nenh..." /> Mais uma derrota para LeBron James - Olhos de ver - Record

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Mais uma derrota para LeBron James

14 Junho, 2011 557 visualizações

Acabou a temporada da NBA. Uma coisa mudou na história da Liga: Dallas conquistou o seu primeiro título. Outra ficou na mesma: LeBron James concluiu mais uma época (a oitava) sem ser campeão. Nenhuma me admirou consideravelmente, sendo que fiquei um pouco mais surpreso com o sucesso dos Mavericks. Sempre vi os texanos como uma equipaforte, extremamente profunda – com soluções fortes para todas as posições -, mas não eram os meus principais favoritos antes da bola saltar. Tinha a ideia (que aqui anunciei no arranque da prova) de que ficariam pela final do Oeste, derrotados pelos Lakers. Foi um pouco ao contrário…

Na final, mesmo sabendo que o factor casa pertencia aos Heat, sempre estive inclinado para o triunfo dos Mavericks. Tinha a sensação de que dificilmente seriam capazes de ganhar os três embates caseiros, mas acreditava que regressando a Miami a liderar 3-2 acabariam por agarrar o título. Aqui não me enganei. Só não pensei que a decisão acontecesse de forma tão óbvia. Os homens da Florida, mesmo com o apoio do público, foram impotentes para suster o jogo mais consistente da formação orientada por Rick Carlisle que, acrescente-se, teve o mérito de não ficar à espera. Chegou ali e foi em frente, assumindo uma postura digna dos campeões. Tenho a forte convicção que se Nowitzki começasse “a jogar” mais cedo, tudo seria ainda mais sereno. Com o alemão a fazer uma primeira parte normal, a rendição de Miami teria sido mais célere.

Pessoalmente, confesso, gostei de ver jogadores como Dirk Nowitzki e Jason Kidd a ganhar o seu primeiro anel (o dono dos Mavs, Mark Cuban, admite acabar com esta tradição e oferecer outra coisa à equipa). Estamos a falar de dois veteranos, de dois jogadores fabulosos que, sem dúvida, acabarão no “Hall of Fame”. Contudo, é bastante diferente ser reconhecido apenas como praticante de elite ou ser uma estrela com títulos conquistados. E estes dois, sem desprimor para os restantes – nomeadamente para Jason Terry, fantástico toda a época – mereciam passar de nível. Pela sua qualidade, mas também pela alma com que sempre lutaram em busca do objectivo. Ter qualidade para lá chegar não é fácil, mas aguentar mais de uma década (quase duas para Kidd) no topo à espera do momento certo é só para os grandes.

Miami, como não poderia deixar de ser, era um concorrente de peso e, até chegar à final, esteve fortíssimo no “playoff”, depois de uma época regular marcada pelos altos e baixos, situação própria de uma equipa construída em cima do joelho e que deparou com inúmeros problemas físicos. Juntar três grandes figuras será sempre um passo importante rumo ao sucesso mas, de uma vez por todas, parece ter ficado provado que o basquetebol é um desporto colectivo. Quem ganha não é sempre quem tem os melhores jogadores, mas sim quem possui a equipa mais forte. E os Heat, mesmo nas boas sequências de vitórias, nunca foram a melhor equipa da Liga.

Paradoxalmente, em Miami parece que não perdeu todo um grupo, mas sim apenas um homem: LeBron James. É injusto reduzir o desaire dos Heat a um só nome, ainda por cima quando as suas estatísticas são de elevada qualidade. A questão é que LeBron falhou no momento da verdade. Mais uma vez. James, que se auto-proclamou “King” antes de ganhar algo de verdadeiramente importante (um título), tem o defeito de se colocar “em bicos de pés”, de se achar maior que tudo e todos. Enquanto não aprender a ser suficientemente humilde estará sempre mais próximo do desaire e consequentemente do deboche alheio.

LeBron já é um dos melhores jogadores da história mas, independentemente da opinião de Scottie Pippen ou de quem quer que seja, por agora só pode ser considerado o melhor de sempre se, em análise, estiverem apenas os grandes jogadores que nunca conquistaram um título. LeBron devia fazer uma reflexão séria e descobrir as razões que o levaram a somar apenas 12 pontos nos 6 quartos períodos da final. Isto é um dado preocupante, da mesma forma que foi grave, na época 2006/07, não ser capaz – enquanto líder incontestado dos Cavaliers – de ganhar pelo menos um jogo na final. Ser espectacular no caminho até à decisão é importantíssimo, mas ser mero figurante nos momentos críticos é um peso gigantesco que terá de tirar de cima dos ombros quanto antes.

Acredito que James, mais tarde ou mais cedo, será campeão? É possível, mas duvido! Tem tempo de sobra para isso (ainda não fez 28 anos) e condições físicas e técnicas mais que suficientes, mas já percebeu que, por ser como é, por ter atitudes com pouco ou nenhum sentido (que desvaloriza ou considera normais), será sempre um alvo a abater. Não foi por acaso que, nos Estados Unidos, alguém se lembrou de dizer que o resultado desta final foi América, 4-Miami, 2. E enquanto insistir em dizer, por exemplo, que quem o critica “irá acordar no dia seguinte com a mesma vida e os mesmos problemas”, enquanto ele continuará a fazer o que quer, “com tudo o que tenho”, o cenário não vai mudar. James acredita que Deus tem algo reservado para ele, em devido tempo, mas convém fazer alguma coisa para potenciar a eventual ajuda divina…