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  Mesmo depois de perder (0-2) em casa na primeira mão, o FC Porto conseguiu ir à Luz carimbar a qualificação para a final da Taça de Portugal. E fê-lo jogando “a sério” apenas a segunda parte. É v..." /> Jesus na corda bamba - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Jesus na corda bamba

21 Abril, 2011 553 visualizações

 

Mesmo depois de perder (0-2) em casa na primeira mão, o FC Porto conseguiu ir à Luz carimbar a qualificação para a final da Taça de Portugal. E fê-lo jogando “a sério” apenas a segunda parte. É verdade que nos primeiros 45 minutos pertenceu a Falcão a melhor oportunidade, mas nesse período os pupilos de Villas-Boas foram pouco ofensivos para quem tinha necessidade de marcar pelo menos 2 golos. Jesus, aquando do descanso, devia estar mais do que convicto que a presença no Jamor seria uma certeza. Enganou-se. Tanto quanto no momento em que resolveu deixar Aimar no banco dos suplentes.

Numa partida em que as águias precisavam, essencialmente, ter a bola em seu poder, de jogar com inteligência e tentar aproveitar os espaços deixados livres pelas subidas contrárias, o técnico prescindiu do organizador principal, do futebolista que melhor lê o jogo, daquele que mais facilidade tem em inventar linhas de passe. E se esta opção, por si só, já é discutível, mais estranha parece se tivermos em conta que a equipa estava amputada dos alas titulares (Salvio e Gaitán). Mais do que nunca parecia ser pelo meio que as acções ofensivas teriam de ser criadas.

Mas, Jesus não estaria mal se se equivocasse apenas na construção do onze. Está mais do que visto que, por estes dias, também falha noutras áreas. O Benfica há muito que deixou de ser uma equipa com rigor defensivo (sofre golos há 13 partidas consecutivas), equilibrada no meio-campo, psicologicamente estável. O homem que o ano passado chegou à Luz cheio de genica, com um discurso motivador que galvanizou tudo e todos, parece agora receoso, pouco intuitivo na definição das estratégias antes e durante os encontros. E quando tenta “sacar coelhos da cartola” raramente não se estatela ao comprido.

Jesus disse esta época, quando o Benfica entregou o campeonato nas primeiras jornadas, que as suas equipas não costumam começar bem a temporada. É verdade. Só ainda não assumiu que, invariavelmente, as suas segundas épocas à frente dos clubes são piores que a primeira. Haverá uma razão para isso? Talvez, não faço ideia. O que sei é que Jesus já não parece capaz de ser o timoneiro das águias durante vários anos. O estado de graça desapareceu com a mesma velocidade com que surgiu.

A época passada, Jesus foi um autêntico Messias na Luz. Agora, não é só a iluminação do Estádio que tem apagões. O próprio treinador, de vez a vez, troca os pés pelas mãos, fica às escuras. Poder-se-á perguntar: mas não é isso que sucede praticamente a todos os técnicos? Sim, claro que é, razão pela qual quando falham os objectivos, acabam dispensados. O futebol é uma indústria que vive do momento, dos resultados imediatos. Salvo raríssimas excepções, quem não ganha ao leme de clubes de topo tem de sair. E pouco importa se no passado foi determinante na conquista de x títulos. Adeptos e dirigentes só demoram uns dias a festejar os sucessos. Depois, querem mais, sempre mais. Os treinadores, independentemente da justiça da situação, sabem que o “filme” é assim. Não há nada a fazer. De pouco vale a Jesus recordar o que logrou há uns meses. Agora, é apenas o treinador que viu a Supertaça escapar para o FC Porto, que encaixou 5 no Dragão, que cedeu nos dois jogos da Liga com o rival nortenho, que observou a sua equipa perder, numa semana, dois jogos seguidos com os azuis e brancos em casa e que já vai em 4 desaires numa só época contra os portistas.

Com o Campeonato e a Taça de Portugal perdidos – e da maneira como o foram -, Jesus só tem uma forma de salvar a época do Benfica e, já agora, o seu posto de treinador: vencer a Liga Europa. Sim, a Taça da Liga sozinha (e não parece nada fácil, na situação actual, derrotar o modesto Paços de Ferreira) não será suficiente. Aliás, duvido que alguém na Luz tenha coragem de festejar uma eventual vitória no sábado, depois de tanta desilusão/humilhação seguida. Ainda assim, ganhar essa competição poderá servir de estímulo para os jogos que verdadeiramente importam neste momento: os dois com o Sporting de Braga, respeitantes às meias-finais da Liga Europa.

Paralelamente ao momento delicado de Jesus, o jovem Villas-Boas não pára de ganhar. E, por agora, não parece grave a equipa sofrer golos em quase todos os jogos. Hulk, Falcão e companhia marcam quase sempre mais. O FC Porto já tem um troféu no bolso, mas demonstra qualidade futebolística e frescura física e mental para juntar mais. Quem viu a pré-temporada dos dragões jamais pensaria que, meses volvidos, o conjunto carburaria desta forma…

PS – Quem, na Luz, teve a absurda ideia de mandar apagar a iluminação quando a equipa do FC Porto festejava a conquista do título nacional, mereceu, pouco dias volvidos, voltar a ver as comemorações contrárias na sua própria casa. E ainda teve de escutar futebolistas e adeptos portistas a pedir para que fosse feito novo corte e ligado o sistema de rega da relva. No desporto, como na vida, é preciso saber ganhar e saber perder. E não é com atitudes ignóbeis que se marca a diferença.

PS 1 – Inacreditável o comportamento de Sapunaru no final da partida de quarta-feira. Apesar de rodeado de companheiros, que o tentaram acalmar, o romeno confirmou que não é só nos túneis que perde o juízo. Se voltar a apanhar um duro castigo não deve ficar surpreendido.