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  Quando poucos o previam, o Marítimo esteve quase a conseguir quebrar a onda vitoriosa do Benfica. Mas, com um “forcing” final notável – mais ainda se tivermos em conta que a equipa jogara na segu..." /> Uma pérola chamada Coentrão - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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Uma pérola chamada Coentrão

28 Fevereiro, 2011 507 visualizações

 

Quando poucos o previam, o Marítimo esteve quase a conseguir quebrar a onda vitoriosa do Benfica. Mas, com um “forcing” final notável – mais ainda se tivermos em conta que a equipa jogara na segunda-feira em Alvalade e na quinta em Estugarda -, os encarnados não só anularam a vantagem que chegou a pertencer aos insulares, como mantiveram a sua recente tradição de pura e simplesmente não empatar. Para isso, e sem desprimor para outros futebolistas que se exibiram em plano de evidência, muito contribuiu a prestação de Fábio Coentrão.

Tenho de assumir que, aquando da chegada do então médio ala esquerdo à Luz, não acreditava que se estivesse na presença de alguém capaz de singrar. Tinha perfeita consciência do seu potencial técnico, mas não me parecia que conseguisse ganhar a maturidade suficiente para, num clube de topo, poder ser protagonista. Durante alguns meses, a minha leitura bateu certo. O jogador não se impunha de forma alguma e, após sucessivos empréstimos (Nacional, Saragoça e Rio Ave), dava a ideia de estar talhado para ser, no máximo, um elemento de destaque num clube mediano, capaz de brilhar esporadicamente. Pois bem, faço questão de dar a mão à palmatória. Coentrão soube colocar a cabeça no seu devido sítio a tempo e, com a mudança para a posição de lateral (olho de Jesus), transformou-se num jogador de eleição.

Coentrão, por esta altura, é um dos jogadores nucleares do Benfica, um dos nomes mais unânimes da Selecção Nacional (provavelmente só suplantado por Cristiano Ronaldo), um dos laterais mais electrizantes do futebol europeu e, naturalmente, um dos alvos mais desejados por parte de tudo o que é colosso no Velho Continente. O vila-condense vale muitos milhões de euros e o seu passe não pára de valorizar. E se alguém tem dúvidas em perceber o porquê disso suceder, basta rever a forma como
jogou os últimos minutos do duelo de domingo. Ele defendeu, atacou, correu, driblou, desarmou, passou, cruzou, rematou e, claro, acertou na rede, em cima da hora, o pontapé que decidiu o encontro e provocou uma euforia desmedida nos mais de 55 mil que estiveram na Luz mesmo sabendo que o título está objectivamente perdido.

Apesar de nunca ter escondido que gostaria de desenvolver a carreira com outro símbolo ao peito, Coentrão – à conta do esforço e da competência – conseguiu cair no goto dos adeptos encarnados. E foi no meio deles que comemorou o “tiro” com que aniquilou o Marítimo. Um momento para mais tarde recordar e que, com toda a certeza, não terá oportunidade de repetir muitas vezes, pois já ninguém duvida que, no final da época, será ele a próxima jóia a ser rentabilizada por Vieira.

PS – Ao juntar-se aos adeptos na comemoração do golo que ditou o resultado final do embate com os madeirenses, Coentrão deveria ter recebido um cartão amarelo (é o que diz o regulamento) e, caso isso tivesse acontecido, ficaria de fora na deslocação das águias a Braga. A questão é que seria completamente imoral sancionar um jogador por ter sido espontâneo na hora de comemorar um golo decisivo. Continuo a considerar que quem inventou esta regra nunca praticou desporto e que aqueles que nada fazem para a alterar são, no mínimo, incapazes de perceber o que é o “sal” e a “pimenta” do futebol.