— ler mais..

Pode parecer estranho mas, mesmo sendo apaixonado por futebol e tendo orgulho em ver o meu país organizar eventos de relevo, não fiquei nada desanimado com a derrota da candidatura ibérica no que d..." /> — ler mais..

Pode parecer estranho mas, mesmo sendo apaixonado por futebol e tendo orgulho em ver o meu país organizar eventos de relevo, não fiquei nada desanimado com a derrota da candidatura ibérica no que d..." /> Mundiais bem entregues - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

Voltar ao blog

Mundiais bem entregues

2 Dezembro, 2010 530 visualizações

Pode parecer estranho mas, mesmo sendo apaixonado por futebol e tendo orgulho em ver o meu país organizar eventos de relevo, não fiquei nada desanimado com a derrota da candidatura ibérica no que diz respeito ao Mundial de 2018. Consigo entender os argumentos daqueles que, desportiva e/ou economicamente, viam com bons olhos a realização da prova na Península mas, repito, não estou nem um pouco triste com a decisão que, em abono da verdade, já era esperada.

Nunca fui apologista de candidaturas mistas. Um Mundial ou um Europeu, assim como uns Jogos Olímpicos, deviam ser desígnios nacionais. São tarefas verdadeiramente hercúleas, extremamente complexas e onerosas, mas que – devidamente planeadas -, podem e devem acabar por proporcionar importantes retornos. Financeiros, desportivos, culturais, etc, etc. Levar a cabo uma prova desta envergadura cria empregos, estimula a economia, promove o país em todos os cantos do planeta e leva sempre à melhoria de algumas infra-estruturas. Mas, atenção, isso é verdade quando um país organiza a prova. Neste caso, talvez a Espanha beneficiasse algo. A Portugal, todavia, estava reservado um papel secundário, menor. E isso, assumo, não me agradava. Já somos parente pobre em tanta coisa, não era preciso mais uma…

Bem sei que para muitos isto não constitui problema, mas mantenho a ideia de que organizar um Mundial com apenas duas cidades e três estádios envolvidos era pouco mais que insignificante. A tal candidatura ibérica não passava, objectivamente, de um evento espanhol ao qual, como bons vizinhos, daríamos determinada contribuição. Portugal jogaria em casa e, depois, sobrariam mais meia dúzia de jogos para entreter as gentes de Lisboa e Porto. O coração do evento estaria em Espanha, seria para lá que o Mundo iria olhar.

Quis o destino que a data do anúncio da FIFA ocorresse quando os dois países ibéricos atravessam uma tremenda crise que – e isto ainda é pior – ninguém sabe se está no princípio, meio ou fim. Por outras palavras, seria algo leviano que os senhores do pontapé na bola optassem por uma organização com evidentes riscos, ignorando, por exemplo, o maior fulgor financeiro que a Rússia actual apresenta. E se a questão económica é importante, a oportunidade de estrear mais uma nação a edificar uma prova destas também não é um pormenor de somenos. Convém recordar que a Espanha já organizou um Mundial (1982) e que Portugal recebeu o Europeu em 2004. Creio, aliás, que a opção do Qatar para o evento de 2022 também encaixa nesta linha de raciocínio: um país com boa saúde financeira e que nunca teve nas mãos uma empreitada tão estimulante.

PS – Continuo a ter o sonho de ver, um dia, um Mundial sénior de futebol (ou uns Jogos Olímpicos) no nosso país. Em Portugal e não na Península Ibérica, pois isso já houve. Sei que é difícil, improvável, mas como sonhar ainda não paga imposto… No entanto, tenho a noção que para nos aventurarmos sozinhos em algo tão grande precisaremos, em primeira instância, de apresentar outra capacidade económico-financeira. É que sempre ouvi dizer que quem não tem dinheiro… não tem vícios. E os grandes eventos desportivos, podendo efectivamente ser um bom negócio, jamais deverão ser uma primeira preocupação para um Estado racional.