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Portugal goleou a Espanha. E fê-lo com inteira justiça, vulgarizando uma equipa que, para além do valor intrínseco dos seus futebolistas, ostenta os títulos de campeã da Europa e do Mundo. Nunca, ..." /> Cuidado com a euforia - Olhos de ver - Record

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Cuidado com a euforia

18 Novembro, 2010 494 visualizações

Portugal goleou a Espanha. E fê-lo com inteira justiça, vulgarizando uma equipa que, para além do valor intrínseco dos seus futebolistas, ostenta os títulos de campeã da Europa e do Mundo. Nunca, na nossa longa história de confrontos com os vizinhos do lado, tínhamos conseguido “aviá-los” com um “score” tão óbvio. Por isso, claro, é legítimo que técnicos, jogadores e adeptos se sintam satisfeitos. Como Paulo Bento fez questão de salientar, um resultado destes num embate particular não vale pontos, mas dá motivação e prestígio.

Também faço parte do extenso rol daqueles que apreciaram a prestação e o desfecho, ainda por cima sendo um assumido invejoso em relação aos recentes feitos desportivos dos espanhóis que, desde que ganharam a organização dos Jogos Olímpicos de Barcelona’92, passaram a ser uma potência mundial em quase todas as modalidades. Contudo, parece-me algo exagerado que, por agora, se fale como se, de repente, tudo se tivesse alterado. É preciso retirar o que de positivo sucedeu na Luz, mas não esquecer o essencial: eles é que são os detentores dos títulos que há tanto perseguimos e nós é que estamos apertados na questão da qualificação para o Europeu de 2012.

Sempre o disse e mantenho: Portugal tem uma boa equipa, recheada de elementos de inquestionável valia, onde sobressai Cristiano Ronaldo, mas ainda lhe falta algo para, efectivamente, discutir os triunfos nas grandes competições. Penso que, num passado recente, tínhamos mais e melhores soluções, mas o presente está longe de ser mau. Bem pelo contrário. A Selecção Nacional continua a ser das mais cotadas a nível internacional. E isso é uma realidade que não se discute, independentemente de num dia demasiado cinzento não conseguirmos ir além de um empate caseiro com Chipe ou de noutro, bem mais vistoso, logramos uma goleada aos espanhóis.

Paulo Bento, verdade seja dita, tem tido o mérito de recuperar psicologicamente um naipe de atletas que, com Queiroz, estavam presos numa estranha teia que os impedia de actuar ao seu melhor nível. Até ao Mundial da África do Sul, como sempre manifestei, acreditava nas capacidades do então seleccionador para guiar o conjunto até altos voos. Depois, entre os seus erros (e foram vários, dentro e fora do campo) e as interferências exteriores, ficou claro que não devia iniciar a caminhada de qualificação para o próximo Europeu. Mas Madaíl tinha outra ideia e aguentou o treinador até onde foi possível. Foi um erro. Grande. Do presidente federativo e do próprio seleccionador que, rodeado de problemas e dificuldades, devia ter optado por salvaguardar a equipa e assumir a ruptura. Perdeu-se tempo precioso e prestígio. Chegou-se mesmo a brincar com a Selecção, perante o sorriso de alguns e o tradicional encolher de ombros de outros. E por causa disso pontos que, lá mais para a frente, podem fazer imensa falta… voaram. Foi pena, mas a boa notícia é que ainda estamos a tempo de reverter tudo isso.

Libertos dos ruídos que chegavam de todos os lados e acalmados por um discurso que, para além de aglutinador, tinha de ser… tranquilizador, os futebolistas parecem agora rejuvenescidos, moralizados para levar a efeito aquilo que todos esperamos: ganhar jogos e assegurar a presença em tudo o que é fase final das grandes competições. Contudo, para que tal seja uma realidade, é preciso manter a concentração, não embandeirar em arco e perceber que, mais do que golear quem quer que seja nos embates particulares, é preciso vencer é os jogos “a doer”. Aí, naturalmente, é que tudo se decide.

PS – Trocava bem a goleada de quarta-feira pela garantia da presença no Euro’2012. Aliás, se Portugal for um dia campeão da Europa e/ou do Mundo, assumo já que, de seguida, não ficarei muito revoltado se formos goleados pela Espanha (ou outro opositor qualquer) num (ou em vários) particulares. Apenas algo triste.

PS1 – Se muitas vezes critiquei as exibições de Cristiano Ronaldo ao serviço da Selecção, é de elementar justiça dizer que, desta feita, teve momentos de génio. Não foi o único a brilhar, mas as iniciativas que culminaram com um golaço que o juiz (mal) invalidou e com o 1-0 de Carlos Martins definem bem o jogador: é um predestinado como poucos. E se aceito que se discuta se é ele ou Messi o melhor do Mundo, parece-me inquestionável que, por ora, ninguém se aproxima do rendimento deste duo maravilha. Basicamente, a nível mundial, temos Ronaldo e Messi e depois os outros.