Um defeso bem animado
O negócio de Roberto foi um dos últimos episódios caricatos do defeso, dos mais animados dos últimos anos, com novelas que se repetem como o FC_Porto a roubar jogadores ao Benfica ou os encarnados a investirem milhões e a comprarem um plantel novo. Protagonista por direito próprio volta a ser também o Sporting, que depois da revolução Bettencourt fez novo ataque ao mercado, tendo já contratado 14 jogadores. Quando se fala de crise um pouco por todo o lado, no futebol português, se ela existe, será apenas de valores, pois dinheiro é coisa que não falta aos grandes. De onde vem poucos sabem e menos ainda arriscam perguntar, tal o medo que os clubes inspiram hoje em jornalistas pouco preparados ou em chefias mais preocupadas em agradar a quem comanda os emblemas. São maneiras de estar difíceis de respeitar e que dificultam a vida a quem faz jornais, mas é o que temos.
O facto de o negócio Roberto ter suscitado dúvidas à CMVM_é perfeitamente normal. Se ainda ninguém percebeu como é que alguém no Benfica se lembrou de gastar 8,5 milhões num guarda-redes que contribuiu ativamente para a péssima época encarnada e deixou para a história frangos que dificilmente abandonarão o anedotário nacional, engolir que um clube na falência gastava ainda mais 100 mil euros para o reaver era como voltar a acreditar no Pai Natal.
Lá se percebeu que o Saragoça só investiu 86 mil euros no espanhol e que a transferência não passa de mais um negócio cinzento, com um fundo de investimento sem nome, daqueles em que o futebol hoje é fértil e que acabarão por ter custos gravosos para os clubes, mais tarde ou mais cedo. Basta ver como anda difícil o crédito para particulares e empresas ou observar o mundo da bolsa para perceber que o futebol está a viver uma bolha que, também ela, vai rebentar. Estrondosamente.
No registo de silly season e animado por um defeso que lhe corre bem, Pinto da Costa diz piadas. Uma, que não trocava Hulk por Cristiano Ronaldo. Acho que em Madrid isso também não passava pela cabeça de ninguém. Mas é pena que fale assim de um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos. É azia.
