O Sporting e a paciência
Percebe-se facilmente a reação de Bruno de Carvalho no Facebook às críticas feitas ao Sporting, nomeadamente pelos adeptos. Ainda que a velha máxima “o cliente tem sempre razão” não seja para brandir apenas quando dá jeito, a verdade é que os sofredores leoninos não podem, ou não devem, colocar tudo em causa devido a uma noite não. Sim, foi num jogo de título e frente ao rival, mas basta lembrar onde estava a equipa de Godinho Lopes nesta altura a época passada para se perceber como tem sido meritório, para não dizer brilhante, o trabalho de Bruno de Carvalho e Leonardo Jardim.
Tenho dificuldades para entender o que aconteceu aos leões na Luz. Talvez por não ser iluminado, mas acredito que é mais fácil saber tudo a posteriori. Concordo com o técnico quando diz que não foi a tática a derrotar o Sporting. Houve falta de atitude e intensidade competitiva num grupo de jogadores que tem dado tudo mesmo quando não joga bem. No dérbi nem isso. Quem viu o leão a bater-se de igual para igual na 1.ª volta e no jogo da Taça não terá deixado de ficar espantado com a pálida imagem deixada. Mas Jardim também não sai ilibado. Provavelmente mexeu de mais e não conseguiu resolver a equação que retirava poder ao Sporting: a ausência de William Carvalho. Mas é algo que nunca saberemos. O Sporting foi tão pobre que o sistema utilizado não explica tudo. Aliás, não explica nada. Onde se esperavam homens de barba rija houve muitos a tremer como varas verdes. Talvez por isso as duras palavras de Jardim. Esperava que fossem com ele para a guerra e de repente viu-se sozinho. O melhor para o clube será que todos aprendam com os erros.
Aderrota, sendo dura, não faz mossa por aí além se a estrutura souber reagir. O que está para trás ninguém pode apagar. E o que aí vem serão Jardim e jogadores a escrever. A presença na Champions é o objetivo que deve guiar os leões até final da época. A reabilitação de um emblema tão maltratado nos últimos anos tem de ser feita com calma, principalmente se sem dinheiro para combater os velhos rivais. Quando se tem um plantel de tostões e se defronta quem gasta milhões é precisamente nestes jogos que a diferença se nota. E desta vez não foi Duarte Gomes a resolver. Esteve bem Bruno de Carvalho em assumi-lo. Poucos fizeram o mesmo.
O Sporting precisa de paciência. Dos seus adeptos, bem entendido. Ou corre o risco de perder um bom treinador, mais um, por se pedir o que não se pode ganhar. Estranho não é os leões terem perdido na Luz. É terem chegado lá em condições de discutirem a liderança.
