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O Natal é sempre uma época propícia a atitudes bonitas mas também casuísticas, ainda assim menos registadas noutras alturas do ano. Quase todos ficam mais sensíveis aos graves problemas que os rode..." /> Futebol pode fazer mais - Lado B - Record

Lado B

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Futebol pode fazer mais

24 Dezembro, 2013 841 visualizações

O Natal é sempre uma época propícia a atitudes bonitas mas também casuísticas, ainda assim menos registadas noutras alturas do ano. Quase todos ficam mais sensíveis aos graves problemas que os rodeiam, pois afinal há sempre alguém numa situação mais difícil do que a que enfrentamos. Já há muito que se tinha percebido que Ruben Amorim é um jogador diferente. As palavras, as atitudes, a maneira de estar denunciam-no; por isso, o facto de ter aceitado o convite de Record e ter passado a noite a minorar o sofrimento dos que dormem na rua não surpreende.

As conclusões a que chega também não. Vale a pena ler as páginas escritas por Nuno Farinha e Vanda Cipriano, com fotos de Paulo Calado. Muito do que é hoje Portugal está nestas imagens, nestes sentimentos, nesta tragédia que assola as ruas de Lisboa e se espalha desgraçadamente por todas as cidades do país. O que fazer, se quem nos governa não quer saber?

O futebol pode fazer mais. Sei que há jogadores, conheço alguns, que ajudam instituições ou visitam hospitais sem esperar nada em troca ou recusando publicidade, mas atos como os de Ruben Amorim chamam a atenção para problemas muito reais e que por uma razão ou por outra tantas vezes nos passam ao lado. E o futebol nacional, ao contrário de outros espalhados pela Europa fora, faz pouco pelas instituições de solidariedade que vão construindo aquilo em que o Estado falha. Abraçar causas, dar a imagem por quem luta contra a miséria ou a doença, devia ser uma prioridade de quem tem tanto impacto social, num país que precisa de mais esperança, mais heróis, mais movimentos cívicos que reclamem o que são os nossos direitos, liberdades e garantias, hoje tão esquecidos em favor da sacra economia.

Se esta excelente reportagem com Amorim servir para acordar algumas consciências e levar os heróis dos nossos miúdos e graúdos a abraçar cada um deles uma causa importante, pode ser que alguns portugueses percebam que há vida para além do futebol. E que ajudem a pressionar quem nos lidera a olhar com outros olhos para a miséria que se instalou nas ruas. Carlos Martins, por exemplo, sabe bem e por experiência própria do que é capaz a solidariedade dos portugueses quando unidos num bom propósito. É isso que os futebolistas e os outros desportistas nacionais de elite podem fazer pelo seu povo. Para além de os alegrarem com vitórias, ajudá-los a tornar menos difícil uma vida em que devia ser Natal mais vezes, não apenas em dezembro. Não diz a canção que o Natal é quando um homem quiser? Então força.