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A vitória de Portugal na Suécia foi uma lufada de ar fresco no ambiente que se tem vivido no país nos últimos tempos. Não porque os golos de Ronaldo tenham melhorado a situação económica, não que o..." /> Uma lufada de ar fresco - Lado B - Record

Lado B

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Uma lufada de ar fresco

21 Novembro, 2013 859 visualizações

A vitória de Portugal na Suécia foi uma lufada de ar fresco no ambiente que se tem vivido no país nos últimos tempos. Não porque os golos de Ronaldo tenham melhorado a situação económica, não que os passes de João Moutinho tenham minorado o flagelo do desemprego ou mesmo a entrada de William Carvalho tenha chamado a atenção para o exílio forçado da maior parte da juventude portuguesa com formação. Mas a verdade é que dos cafés às redes sociais o que se discutiu foram os tiros de CR7, os passes teleguiados do pequeno craque do Monaco e até o momento de génio de Hugo Almeida, que deu início à mais desejada das reviravoltas.


Sim, o futebol pode ser alienante e levar à histeria coletiva. Mas como levar a mal este sorriso nos lábios que atravessou Portugal quando tudo o que lemos, ouvimos ou vemos nos restantes dias nos lembra apenas que se tivéssemos um ministro, apenas um, que valesse metade do que vale Ronaldo no que faz, o seu sector estaria certamente a anos-luz do que realmente está?


Infelizmente, temos tempo para voltar a cair na real. Para perceber que são cada vez mais os portugueses que passam fome, aqueles que perdem as casas porque não têm dinheiro para as pagar, os miúdos que largam a escola porque os pais precisam deles como contribuintes para o orçamento familiar, enfim, para perceber que por muito que os índices económicos mostrem melhoras insignificantes, o que são elas perante a degradação da qualidade de vida da maioria da população portuguesa? O que nos interessa a economia quando as pessoas são tratadas como lixo?


Por tudo isto e mais alguma coisa, agradeço a Paulo Bento, a Ronaldo, a João Moutinho, a todos os que qualificaram Portugal para o Mundial do Brasil. Será bom para o desporto português, para a nossa economia, para os jornais, sector onde trabalho e que sofre, como tantos outros, com as agruras de uma economia real desesperante e uma crise muito própria que há quem teime em não perceber.


Voltará depressa o tempo em que Bento será uma besta, Ronaldo um jogador vulgar que não se esforça na Seleção e Moutinho uma maçã podre que não merece perdão. Porque nós, portugueses, temos memória curta. Se não fosse assim, teríamos tido mais fé neste treinador e grupo de jogadores que já nos provaram, mais do que uma vez, serem capazes de dar tudo por Portugal. Falharam o apuramento direto, sim. E nós? No nosso dia a dia, fizemos sempre tudo bem? Um povo com mais memória seria mais agradecido. E já agora, teria também outro governo.