O segundo fôlego da águia
O Benfica parte para o jogo de hoje com o Paços de Ferreira muito pressionado pela classificação, é um facto, mas com a certeza de que tem um plantel carregado de qualidade, que terá de render mais do que fez até aqui. Mesmo Jesus reconhece que os encarnados estão mais fortes no que toca à matéria-prima à disposição, faltando agora o trabalho do técnico: meter aquela gente toda a remar para o mesmo lado e focados nos objetivos do clube que representam. Não é tão fácil como parece após um defeso em que mais de metade dos craques esperava sair e de repente… continuavam na liga portuguesa de sempre.
Os cinco pontos de atraso para o FC Porto à entrada da 4.ª jornada são preocupantes. Não irrecuperáveis, outro facto, mas já assistimos a muitos campeonatos em que o Dragão agarrou a liderança no início para nunca mais a largar. Sendo a equipa de Jesus a mais bem apetrechada para se bater com os homens de Paulo Fonseca, a vantagem torna-se perturbadora não apenas para os adeptos do clube da Luz, mas também para quem gosta de uma liga competitiva até ao fim.
Trata-se de um jogo em que o Benfica tem muito a provar e coisas novas a mostrar. Siqueira surge como cabeça de cartaz para fazer esquecer o trauma do flanco esquerdo, que assola a Luz desde o adeus de Coentrão. Mas há também o regresso de Cardozo e a hipótese de um novo miolo, deslocando-se Enzo para o flanco, depois do azar de Salvio. Enfim, um sem-número de novidades que apaixonarão os adeptos e que motivam para um confronto desigual, tanto que o Paços de Costinha tem desiludido, ele ao contrário de rival, a sofrer o desmembramento de uma equipa que aproveitou uma grande época para vender quem valia a pena.
Muito do futuro de Jesus passa pelo resultado desta tarde na Luz. Não porque Vieira esteja disposto a deixar cair o técnico caso o Benfica some inesperada derrota, mas o aumentar da distância implicaria a mudança dos objetivos desportivos e custa a acreditar que esta equipa possa chegar a uma final da Champions, sonho do presidente anfitrião. Desta vez não será uma Taça da Liga ou a ambicionada Taça de Portugal a salvar o treinador por muito que tenha assinado uma renovação de 2 anos. É que mesmo que esse fosse o desejo presidencial, a decisão poderia causar fissuras que nem Vieira conseguiria tapar.
É no fio da navalha que o Benfica joga. Mas na Luz ama-se o bom futebol. E uma exibição das antigas, com golos para todos os gostos, faria as pazes entre equipa e adeptos. É essa a receita.
