Uma nova vida
O Benfica de Vieira lidera a liga, pressiona o dragão e prepara o futuro
Não podia começar melhor o novo consulado de Luís Filipe Vieira. Vitória categórica em Barcelos, liderança isolada da liga e pressão no rival portista que hoje se vê obrigado a ganhar no Estoril. Foi uma reeleição, de facto, esmagadora do homem que tem liderado os destinos do Benfica, ainda que desta vez Rangel tenha tido mais votação do que Bruno Carvalho ou que alguns sectores da oposição prometam não se calar apesar da derrota nas urnas.
Este será um desafio hercúleo, mais um, que se coloca ao presidente encarnado. Trazer para as suas fileiras os sócios que se revêem nos projetos de Rangel, Veiga e Tavares. Não é tarefa fácil porque os discursos se extremaram demasiado na campanha e pode ter-se quebrado para sempre o elo que ligava as duas partes. Inteligente, Vieira foi ao movimento Benfica recrutar o líder José Eduardo Moniz e o peão Varandas Fernandes. Através da mesma estratégia ou de uma aproximação pós-eleição poderia tentar calar os que demonizam a sua gestão e não se cansam de lhe apontar os erros desportivos. Ao comparar Rangel a Vale e Azevedo e achincalhar Tavares ganhou ali, provavelmente, dois inimigos para a vida. Com Veiga ao lado estarão certamente atentos às promessas do novo mandato: três campeonatos em quatro e uma final europeia. Para quem já avisou que é preciso travar o investimento em tempos de crise não é dizer pouco.
A vitória de Vieira nas eleições benfiquistas é um corolário lógico. Os adeptos encarnados, como os sportinguistas ou os portistas, preferem a estabilidade ao desconhecido. Fenómenos como Vale e Azevedo na Luz ou Jorge Gonçalves em Alvalade deixaram feridas profundas. Curiosamente, somando prós e contras, só mesmo no Dragão não há razões para mudar, tantos são os títulos conquistados ao longo de três décadas. Mas eu, confesso, também teria votado Vieira.
Texto publicado na versão impressa de Record de 28-10-2012
