Um comportamento doentio
Guerra de Pinto da Costa e Vieira é civicamente irresponsável e perigosa. Que no futuro não se torne criminosa
São já muitos, demasiados, enfastiantes até e tristemente célebres os episódios da guerra FC Porto-Benfica. Ou melhor, Pinto da Costa-Luís Filipe Vieira, dois homens que levaram a escalada de um conflito entre dois clubes para um expoente há muito inaceitável. A troca de argumentos esta semana a propósito da conquista do título de basquetebol no Dragão é mais um caso rocambolesco, que mancha o desporto português, denigre a sua imagem, mas pior, que acicata os ódios e traz ao cimo o pior que há na natureza humana.
Não bastassem os incidentes de quarta-feira, os presidentes resolveram levar a guerra a um nível acima, trocando argumentos feios, com insinuações grosseiras, fazendo pouco da justiça, do país, das forças de segurança, enfim, fazendo pouco de todos nós, alimentando o ego com uma raiva que de tão forte soa a falsa. Pinto da Costa e Vieira sabem muito dos podres um do outro. Os comunicados mostram-no e a amizade antiga a isso obriga. Sim, há quem tenha memória e se lembre dos negócios e abraços entre ambos.
Numa altura em que o país atravessa uma crise grave, em que o desemprego assola e em que as pessoas desesperam, incitamentos à violência são civicamente irresponsáveis, eticamente condenáveis, evidentemente perigosos por todas as razões e mais alguma. Que não se tornem também criminosos. Que não seja um inocente que se desloque a um recinto desportivo qualquer a pagar pela raiva destilada por dois homens que perderam a noção das suas responsabilidades. Se acontecer, haja coragem de chamar à pedra quem efetivamente terá na altura o sangue nas mãos. Há muitos que estão fartos disto.
Pinto da Costa e Vieira já fizeram muito mal ao futebol português. Estão a tentar alargar a influência a todo o desporto. Que o Estado tenha a noção do perigo e vergonha de pactuar com a obscenidade. Mostrem-nos que não estamos entregues aos bichos, mesmo que saibamos que sim.
PS – Mal Carlos Lisboa. Feio comportamento de quem tem de ter sangue frio. E escusava de ser apanhado a mentir.
