Justiça pede coragem
Uma última jornada com pouca história a definir o que faltava. O cumpridor Feirense desce de divisão, ou fica a aspirar pela já tristemente célebre liguilha, e mantém-se a Académica, que parece ter reencontrado o caminho das vitórias quando está a apenas uma semana de disputar a final da Taça de Portugal. Cardozo, esse eterno mal-amado de muitos benfiquistas, sagrou-se melhor marcador do campeonato, vencendo a Bota de Ouro de Record, ainda que em igualdade de golos com Lima. Estranha sensação esta, quando as decisões se aceitam mas parecem ter pouco a ver com justiça, essa quimera num país que até já estranha a palavra.
É pena que Portugal tenha este problema tão grave, de fazer cumprir leis, quando tanto se legisla mas são poucos aqueles que olham para a letra da lei, menos os que a cumprem, raros os que a fiscalizam e fazem cumprir. Ouço a tristeza na voz do presidente do Feirense, dizendo que este ano pagou já quatro meses e dou-lhe toda a razão. Mário Figueiredo e Fernando Gomes deviam corar de vergonha com o triste espetáculo que nos foi presenteado neste final de Liga e, se um pingo da coisa lhes restasse, velar para que na próxima época algo tão degradante não volte a acontecer.
É preciso ter coragem e não deixar participar nos campeonatos profissionais os que para isso não têm condições. O que assistimos este ano em Leiria foi degradante para jogadores, técnicos, trabalhadores, no fundo, para todos os que dão o corpo ao manifesto e que foram deixados ao abandono, continuando a competir não se sabe já muito bem como e menos porquê. Chega a ser estranho quando dignidade não é uma palavra vã, tão maltratada é também ela por aí.
Parece que vamos ter os mesmos treinadores nos três grandes e em Braga na próxima época. Ótimas medidas de gestão em termos económicos, arriscadas tendo em conta a paixão, complicadas de gerir algumas delas se o arranque não for bom. A Liga segue dentro de momentos. Até já.
