Pedradas até quando?
A comitiva do Benfica foi apedrejada depois do jogo com o Paços de Ferreira, em mais uma jornada da Liga. Um grupo de atrasados mentais achou por bem passar a noite de segunda-feira a arquitetar uma emboscada a um grupo de pessoas que, para o bem ou para o mal, está a fazer o seu trabalho. Podem vestir de vermelho, verde ou azul mas continuam a ser pais, filhos e irmãos de alguém.
Chega de colocar paninhos quentes neste tipo de situações, chega de rir de soslaio quando lemos algo do género na imprensa. Tratam-se, pura e simplesmente, de pessoas sem recursos intelectuais que, por entre copos de três e comentários alarves à sociedade que os rodeia, mostram o pior do ser humano.
Odeio os rivais do meu clube, quero que eles percam sempre e secretamente já fiz figas para um craque adversário partir uma perna. São coisas do ser humano e da forma como gerimos as paixões. Agora matar? Atirar pedradas a carros, bolas de golfe a jogadores e esfaquear outras pessoas apenas porque sim?
E não me venham com a atroz treta de que são vítimas da sociedade, porque não tiveram oportunidade de estudar, que está na gênese do ser humano o apelo à violência e disparates afins. Já tenho muitos amigos filósofos para aturar! Isto é coisa de monstros, de pedantes que estão ao nível dos violadores e incendiários de florestas, que fazem o mal apenas pelo mal. Que não raciocinam, que se deixam levar até ao mais fundo dos buracos pela única coisa que julgam entender – o futebol. Mas nem isso…
E aponte-se também o dedo aos dirigentes incendiários, que escondem as lacunas das respetivas gestões com ataques primários ao rival, quando todos sabemos que comem sempre do mesmo tacho, que frequentam os mesmos locais e que, lá bem no fundo, nem desgostam uns dos outros, mas aproveitam o clima de guerra para afastarem atenções dos temas essenciais.
Porque este futebol português, que achamos que “está no top europeu”, vai continuar a seguir o seu caminho rumo ao Inferno, enquanto o flagelo da violência não for apagada de forma definitiva. E não é com batalhões de Polícia nem com vigilantes nas autoestradas. É com um trabalho de base, feito em casa. Quando um pai explicar ao seu filho que deve defender o seu clube, gritar por ele, mas respeitar os que vestem outras cores, porque no fundo é apenas isso – gente que veste camisolas diferentes.
P.S. – Há uns tempos tive o prazer de aprofundar conhecimentos sobre claques sul-americanas. Sabem como começaram as primeiras ações violentas fora de estádios? Em ataques orquestrados às comitivas rivais. “É o primeiro sinal de que as coisas se vão tornar incontroláveis”, explicava um dos sociólogos participantes numa reportagem elaborada Argentina, onde no passado fim-de-semana mais um adepto foi morto. Sim, porque o passo seguinte é a guerra urbana de claques, ao bom género da favela. Dá que pensar…
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