O BRUXO DE PINTO DA COSTA
“Ia todas as quintas-feiras para o Porto e regressava no fim dos jogos. Era muito cansativo – porque tinha de preparar em Lisboa os “trabalhos” e levar tudo para o Porto. Chamo “trabalhos” a tudo o que decorre da minha acção como médium, o dom que permite contactar e receber as informações das entidades espirituais que me acompanham. Era preciso, por exemplo, preparar fitinhas para um ou outro jogador prender nas pernas por debaixo das meias e preparar uma moedinha, que era atirada para o campo antes dos jogos. Era necessário, ainda, levar garrafas de cachaça – que, às sextas-feiras à noite, eram partidas numa praia em oferenda ao Pai João.”
Excerto do livro de Delane Vieira, o “bruxo” a quem Octávio Machado um dia deu um estalo no Estádio do Bessa.
Conheci-o relativamente bem. É uma figura. Tinha casa em Miramar e fama de encher os restaurantes que frequentava. Começou por trabalhar no União de Coimbra, também viu os seus serviços requisitados pelo Benfica mas foi no FC Porto que desenvolveu uma actividade mais intensa na área do paranormal. Era útil para aqueles que acreditam nestas coisas – e acreditem que são muitos, no mundo do futebol.
Nos últimos anos tem andado desaparecido e este livro, lançado pelo CM, foi o último momento em que foi possível ouvir falar de Delane.
Em meados da década de 80 uma notícia que fiz sobre ele, identificando-o como parapsicólogo do FC Porto, ia-me valendo o despedimento. O jornal onde trabalhava, a Gazeta, desmentiu no dia seguinte a notícia, a pedidos de várias famílias.