Depois de Domingo(s) é 2.ª feira
Há presidentes que têm alguma dificuldade em conviver com o sucesso.
Sobretudo quando o sucesso começa a ser repartido com o treinador.
Ninguém pode contestar a qualidade dos sucessivos mandatos de António Salvador à frente do Sp. Braga. O próprio terá consciência disso mesmo.
Esta semana, ao pré-anunciar um convite a Domingos Paciência para renovar contrato Salvador já sabia que o treinador não lhe podia responder afirmativamente.
O líder dos guerreiros do Minho deixou passar o timing para formular este convite a Domingos e sabia, melhor que ninguém, quem é o treinador escolhido por Godinho Lopes e Carlos Freitas para liderar o Sporting na próxima época.
Esta última cartada não é mais nem menos que uma forma Salvador se salvar de um problema que ele próprio criou.
O Sp. Braga corre agora o risco de ter de se despedir de um treinador que conseguiu o que ninguém imaginou.
Mas a vida também é assim, sobretudo quando se abrem janelas de oportunidades. Para presidentes e treinadores.
No fundo, e embora de forma pouco diplomática e até atabalhoada, nem António Salvador nem Domingos Paciência queriam prolongar o laço.
A forma como o líder bracarense descalçou a bota é que é inédita. Esqueceu-se que o povo não é estúpido. Com este gesto toda a gente ficou a perceber que o primeiro a não acreditar no projecto comum foi ele.
A vida continua e, como diz Manuel Machado, sempre lapidar, “depois de domingo(s) é 2.ª feira”.