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Bola na Área

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Le(ã)o Jardim

27 Abril, 2014 1042 visualizações

Embora muita coisa tenha mudado nos estádios e nas redações, por vezes ocorre a oportunidade para treinadores e jornalistas se conhecerem e trocarem ideias sobre ludopédio.

Com Leonardo Jardim tive esse privilégio sobretudo quando o apanhei no Sp. Braga e graças ao meu amigo Carlos Oliveira, colaborador do Record em Aveiro e um dos poucos com lugar no helicóptero do treinador madeirense. Aliás, foi o próprio Carlos quem “inventou” o helicóptero, quando, numa das muitas tertúlias com Jardim, no tal cantinho que o treinador continua a ter num restaurante junto aos canais da ria de Aveiro, falou da guerra ultramarina e do facto de num heli de guerra só entrar quem é da nossa absoluta confiança.

Jardim tarimbou em clubes insulares e agarrou com as duas mãos a primeira oportunidade que teve para treinar no continente. No caso, no continente profundo, em Trás-os-Montes, onde orientou o Desportivo de Chaves, que guindou à 2.ª Liga, deixando a base da equipa que depois foi à final da Taça de Portugal. A caminho de Aveiro ainda passou por Barcelos mas alguma coisa correu mal com António Fiúsa. Em Aveiro, subiu de divisão e continuou para sair em janeiro quando estava a fazer uma grande campanha. Logo aí se disse que teria tudo acertado com o FC Porto mas acabou por ir para Braga, onde voltou a fazer um trabalho positivo, até que a corda partiu no jogo de forças com Salvador. Seguiu-se mais de meia época no Olympiakos e uma saída esquisita – mesmo assim, Jardim foi campeão grego, o que Fernando Santos não conseguiu, embora nunca tivesse treinado o crónico campeão grego da última década.

Jardim é um homem de poucas falas e poucos sorrisos, mesmo quando está entre amigos. É uma daquelas pessoas que parecem não estar cá mas que apanham tudo. De aí a sua gestão G.A.L.O., que até já apresentou em pública. A chamada gestão andando de um lado para o outro, que passa por chegar ao estádio duas horas antes do início do treinador e começar a andar de um lado para outro para falar com quem se vai encontrando, da mulher da limpeza ao goleador. E o mesmo no final do treino. Leonardo não é fã de gabinetes, o que é um estranho num país onde qualquer badameco com galões a primeira coisa que pede é um gabinete, um candeeiro de mesa e um secretária onde se podia jogar ping-pong, para além da cadeira ergonómica – o problema é que nem a cadeira garante tudo nem a mesa serve para o que devia servir.

<p>Contou-me o Carlos que num dos primeiros treinos de Jardim em Aveiro aconteceu isto: mandou fechar a cadeado a porta de acesso ao relvado, de forma a não permitir que os dirigentes entrassem no relvado enquanto a equipa trabalhava. A mensagem foi imediatamente percebida.

Não sei o que fez entretanto Jardim na academia mas de certeza que já lá deixou a sua marca, ele que era o preferido de Antero Henrique – hoje tão criticado pelos suas opções como CEO (ainda não sei muito bem o que é isto) portista – para suceder a Vítor Pereira (que não gostava nada de o ver no camarote do Dragão).

Num ano apenas, Leonardo Jardim devolveu ao Sporting a mística, a crença e a qualidade. Este renascimento dos leões não é obra de Bruno de Carvalho. O presidente tem o seu mérito mas sem Jardim não haveria um Sporting remoçado e renovado.

Por isso, quando tanto se fala no prolongamento do contrato de Leonardo é ridículo dissertar sobre mais dez ouvinte mil euros na folha mensal. Leonardo Jardim vale o que pesa em ouro. É um galo com dentes de leão.

Uma fera que ferra mas também um homem simples e bom. Como poucos.

Gosto muito dele.