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Morreu um homem original: Manuel Barbosa

20 Março, 2014 2245 visualizações

Morreu hoje o primeiro empresário a sério do futebol português: Manuel Barbosa.

Sobretudo um homem original, que conheci nos anos 80, quando fui para Lisboa com uma mala de cartão e o dinheiro contado apenas para o almoço ou o jantar (as duas coisas no mesmo dia não dava).

Foi nos anos 80 que Manuel Barbosa se assumiu como o primeiro agente FIFA do futebol português, protagonizando grandes transferências para e do Benfica. Deu muito dinheiro a ganhar ao clube da Luz, de que era fervoroso adepto, tal como do Sp. Braga, o clube da sua terra.

Manuel Barbosa foi um self made man. Saiu de Braga também com uma mala de cartão para abrir uma agência de viagens em Paris, a Mercury, que depois trouxe para Lisboa. Era um homem sempre ligado à corrente, frenético, impulsivo mas leal e amigo dos seus amigos.

Na altura, A BOLA era o jornal desportivo de referência e naturalmente Manuel Barbosa privilegiou-o muito. Mas não sei se for por me ter achado piada e também me deu algumas cachas que a Gazeta dos Desportos lançou. Estava sempre disponível.

Num desses dias, quando eu ainda vivia num quarto da Rua das Flores, mas já numa fase em que podia almoçar e jantar no mesmo dia, ofereceu-me mesmo uma estadia de uma semana no Copacabana Palace do Rio de Janeiro. Não vão acreditar mas acabei por não ir. Há quem vá mas eu não fui e o senhor Manuel não ficou ofendido com isso.

A sua estrela perdeu fulgor primeiro com o aparecimento de José Veiga e depois com o de Jorge Mendes. Barbosa continuou, porém, a ter grandes projetos e lembro-me de um dia ter ido até às margens do Cávado, ali por Vila Verde, almoçar com ele e alguns amigos. Barbosa planeava um grande centro de estágio mas tudo ficou nos planos apenas de quem também passou, noutros tempos, pelo departamento de futebol do Sp. Braga.

Com ele aprendi uma palavra: recoveiro. Ou seja, o que dá recados. Há muitos neste mundo. Diria mesmo, cada vez mais.

A última vez que estive com ele foi ali por Braga, num jantar no qual estiveram presentes também o Vítor Queirós e o Lino Devesas. O jantar não começou da melhor maneira pois tinham saído notícias nos jornais sobre um processo de Manuel Barbosa, assinadas então pela minha mulher. Mas ele não misturou as coisas, embora tenha espetado um garfo na mesa quando falou no assunto.

Manuel Barbosa era assim. Singular. Original.

Quis o acaso que ontem lhe tivesse ligado para lhe pedir um contacto. Sabia que estava muito doente e atendeu uma pessoa de família. Percebi que as coisas estavam muito mal mas o senhor Barbosa quis falar comigo. Mal entendi o que disse.

Poucas horas depois chegou a notícia da sua morte. Com ela morreu também parte do meu passado, uma parte de mim, pois Manuel Barbosa foi um homem que marcou no percurso profissional mas também como exemplo de vida.

Vou ter muitas saudades suas, senhor Manel.