A coação corre nas veias do futebol português
Vai aí um grande alarido a propósito do crime de coação sobre os árbitros, na sequência do tal comunicado do Sporting que anuncia a responsabilização dos árbitros que fizeram com que o Sporting ficasse fora das provas europeias e fazem também com que tenha nesta altura menos 7 pontos. Ora, os árbitros conhecem bem o ponto n.º1 do Guia Universal dos Árbitros, que interdita qualquer ação deste tipo.
Ok, mas a ameaça foi lançada e oficialmente.
E há árbitros e árbitros.
Há árbitros mais fortes e árbitros mais fracos. O mesmo acontece com os dirigentes da arbitragem, em particular Vítor Pereira, cujo silencio tem sido ensurdecedor nesta matéria, deixando José Gomes, líder da APAF, sozinho nessa praia.
Curiosamente, ninguém na FPF ainda se deu ao trabalho – sim, eu sei, a preparação do Mundial é complicada – de chamar os árbitros para lhes perguntar se se sentiram condicionados pelo comunicado do Sporting e pelas manifestações do grupo “Basta”, apresentado na sala de imprensa de Alvalade, com as suas tarjas “agarra que é ladrão” e um autocarro à porta do estádio onde falam os incendiários do costume.
O que posso dizer é que os árbitros não estão a gostar nem um bocadinho do que se está a passar. Um sinal claro de que pelo menos estão incomodados com todo este circo que agora o FC Porto promoveu ao transformar o caso num eventual processo de inquérito.
Falta ainda saber por que razão ainda ninguém se lembrou de lembrar o que se passou com um tal Paulo Pereira Cristóvão.
A coação corre nas veias do futebol português – é o que todos sabemos.
O que ainda sabíamos é que não é igual para todos. Que o diga o tal clube que mesmo sendo uma rotunda conseguiu colocar o título de campeão sobre o leão, a águia e o dragão.
Só mais uma coisa.
A coação é uma arma usada contra dirigentes, árbitros, treinadores, agentes desportivos vários e jornalistas. O grande problema de ser é uma arma é que pode ser comprada por qualquer um e usada contra quem quer que seja.