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Bola na Área

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A lição de Duarte Gomes

17 Dezembro, 2012 858 visualizações

Gosto do Duarte Gomes. Da sua personalidade e da forma como apita. Essencialmente, da maneira como está na vida. Por isso, esta lição de vida dada recentemente pelo árbitro de origem madeirense, contada na sua página no Facebook, não me espantou:

Entrei numa das boas pastelarias na zona de Lisboa. É um daqueles sítios que temos que lutar para resistir à tentação de cair no “pecado da gula”. Mas orgulhoso, resisti. Pedi
um galão e um pão de centeio. Percebi alguma “agitação” dos funcionários, do tipo “está ali aquele gajo que é árbitro”, como se fosse um allien acabadinho de cair na Terra. Mas nada de anormal. Fui servido e, entro os empregados, o discurso passa da habitual gestão acelerada dos pedidos para…a bola. Óbvio.Também aqui, tudo normal. Faz parte. O café estava cheio, os clientes deliciavam-se com um aconchegante lanche mas eles, entusiasmados, continuavam a batalha da clubite, deixando que os decibéis aumentassem vertiginosamente. Era um verdadeiro despique de cores, penaltys e roubos à boa maneira de alguns programas televisivos. Vá…um pouco melhor, talvez.
Percebia-se a necessidade tremenda de se fazerem ouvir. De terem piada, serem engraçados e giros e tal. A disputa e c 
onfiança eram tais que até os clientes deixaram de conversar. Eles abafavam tudo. Quando pedi a conta, ouvi a voz tímida do mais atrevidote – é sempre o tipo mais gordinho, alergre e com cara de bom rapazito, que é o animador das festas lá na aldeia – e que lá detrás do balcão, protegido por alguma distância e na sua zona de conforto, murmurou, para delírio da sua rapaziada: “Vai lá despachar o gatuno do apito”. O gatuno do apito. Ouvi. Sorri. Pedi a conta. Levantei-me. Paguei. E deixei gorjeta. Afinal de contas, é Natal. À saída, dirijo-me ao herói do dia e, “olhos nos olhos”, encaro o poeta alegre. Desejei-lhe um Santo e Feliz Natal, junto daqueles mais ama. Com toda a calma, tranquilidade, serenidade e educação. Obviamente. Não respondeu. O suor discreto que acumulou na testa indiciava que a contração do cólon não seria um processo pacífico. O pobre rapaz degladiava-se contra aquela cólica súbita, que o parecia ter apanhado desprevenido. Saí. Voltei a sorrir. E confirmei, mais uma vez, duas coisas: a primeira é que a pequenez de uns é sempre a grandeza de outros. Se não existissem pessoas assim, como é que nós marcaríamos a diferença? A segunda…é que definitivamente não há força maior que o silêncio e um sorriso, nos momentos certos. E pronto…