Acabemos com os jagunços do futebol
Na passada 6.ª feira, em Braga, um adepto bracarense, de 39 anos, morreu na sequência de mais uma zaragata. Ao fugir da confusão, foi atropelado mortalmente.
(curiosamente, o Sp. Braga chegou oficialmente a informar que o que aconteceu nada teve a ver com o jogo de futebol…)
Não importa muito saber como foi. Importa sobretudo saber porque aconteceu.
Aconteceu pura e simplesmente porque em Portugal as claques ditas organizadas continuam a ser permitidas e, pasme-se, algumas até foram legalizadas.
Não me esqueço que quando cheguei ao Record, em 2004, recebi até com algum espanto as instruções do nosso diretor, Alexandre Pais, para que não se dessem notícias sobre as claques. Demorei a perceber porquê mas hoje só posso concordar.
As claques que conhecemos em Portugal acolitam criminosos e indigentes. Também é verdade que por lá anda gente decente – recordo que o chef Luís Américo foi líder dos Superdragõeds…- mas o grosso da coluna é formado por gente perigosa (alguns deles, felizmente, já estão presos, embora por outras razões).
O que acontece é muito simples: estes energúmenos por vezes servem os interesses dos dirigentes (e não só). Dão um certo jeito para intimidar treinadores, jogadores, árbitros, adeptos dos adversários e jornalistas.
A resposta dos políticos foi anedótica: em vez de banirem as claques de cena, legalizaram-nas.
Dos clubes que conheço, o Benfica é o único que não passa cartão às suas claques. Faz muito bem. Não precisa delas para nada. Nos outros, é o que se sabe: as claques são tratadas com carinho e respeito. Só assim se entende que tenha sido notícia o facto de a Juve Leo ter deixado de apoiar a equipa do Sporting…
O Estado português já gastou uma fortuna no acompanhamento e vigilância destes grupos de assaltantes de bombas de gasolina. Muitos são os que deixaram de ir aos estádios porque tiveram o azar de se cruzar com estes bandos organizados.
Esta morte em Braga não é uma surpresa. Até é estranho ainda não ter acontecido uma desgraça maior.
Ela vai acontecer, mais cedo ou mais tarde.
Só há, por isso, um caminho: acabar com as claques organizadas nos estádios, com os petardos, os insultos e a violência gratuita.
Mas nada disto vai acontecer.
PS – Sei que este artigo está a gerar alguma polémica mas quem me conhece sabe que a casa gasta apenas o que o proprietário tem, pois este não vive pendurado em ninguém e não tem por sonho propriamente ser mais um no catering dos grandes clubes. Aqui deixo apenas um comentário que pesquei nos blogues onde este artigo já foi ciriticado:
Quanto “A conivência e clima de “guerra” fomentado por alguns dirigentes e pelos Media.” É de todo verdadeira e constatável por inúmeros exemplos públicos e conhecidos.
Mas que só consegue condicionar e influenciar os mais mal informados do que verdadeiramente se passa; Infelizmente a grande maioria dos adeptos; ou os Hipócritas.
Estes adeptos que por sua vez e amiúde (e aqui o artigo colocado é exemplo do que escrevo) tomam as dores dos seus dirigentes como se as deles se tratassem, mas com a agravante de tolerarem e até e apoiarem determinados comportamentos condenáveis á luz da boa cidadania, quando praticados pelos “nossos” e condenarem os mesmos comportamentos quando a origem é dos “outros” e tentando ainda por cima encontrar um razão que justifique essa defesa tantas vezes irracional.
Ex Super Dragão
Os chefes destes bandos têm inside information. E, claro, dá sempre um certo jeito ter um jagunço a quem recorrer.