Briosa
Da 1.ª à 3.ª classe, que cumpri numa pequena escola de Leça da Palmeira, tive um daqueles professores primários que nos acompanham para toda a vida. É difícil aprender a ser aluno mas é fácil aprender com bons professores.
O meu professor Tomé era um gigante que temiamos mas só muitos anos mais tarde verifiquei que afinal media apenas 1,60 metros embora a sua figura ainda me assustasse.
Nesse tempo, os erros pagavam-se com reguadas ou orelhas de burro. E ninguém protestava…
Mas isto apenas de 2.ª a 6.ª feira pois ao sábado, de manhã, era sempre tempo de recreio livre. Ou seja, de futebolada.
Nessa altura feliz, eu era da Académica. Porque o professor Tomé era da Briosa e a Académica tinha, ali para os finais dos anos 60, uma equipa de sonho.
Os anos passaram e a paixão esmoreceu. Mas o bichinho ficou. Por isso, quando hoje a Académica garantiu uma presença na final da Taça de Portugal houve uma parte de mim que saltou de alegria. Foi um salto também ao passado, ao tempo das futeboladas, dos colegas que iam descalços para a escola, dos gritos do professor Tomé e das primeiras lições também de vida. Um estudante que gostava da equipa dos estudantes.
Isto, dantes.
COMENTÁRIO EM DESTAQUE
julio moreira disse em 08-02-2012 às 10h04
EQ
Muito mais velho sou eu e sempre gostei da Académica devido a esses tempos.
Óbviamente sentio-os de modo diverso, uma vez que pertenço a outra geração.
E por isso, também, o meu gozo com a Académica tinha que vêr com equipas de sonho que na altura possuia e lhe permitia discutir, palmo a palmo, com o Benfica.
Não esqueço, contudo, que a minha identificação com a Briosa também tinha a vêr com o escape que cada deslocação sua a Lisboa permitia, para fazer dela um episódio de luta contra o regime de então.
Mais tarde tive ocasião de conviver num jornal com um dos grandes vultos de Coimbra daqueles tempos. Não no dominio do futebol, mas sim no dominio da escrita e do jornalismo.
Fernando Assis Pacheco, com muita honra minha meu ex-colega.
Outros tempos. Outras formas de encarar e viver a vida. Outros valores que predominavam no relacionamento entre pessoas.
Sem saudosismos, apenas lhe digo, EQ, que dava jeito fossem retomados. Os valores, não óbviamento o bolorento regime que nos condenava á escuridão em todos as vertentes da vida.
