Ricardo, deixa lá… E tudo o Bento levará!
Continua a ser lamentável a forma como grandes jogadores que deram muito à selecção nacional continuam a renunciar.
Desta vez foi Ricardo Carvalho, um craque que conheço há muito tempo.
Sobre ele tenho apenas duas histórias para contar.
Uma delas passou-se no velho Estádio das Antas, no início de uma época, quando Ricardo, ainda muito jovem, soube que ia ser dispensado. Como precisa o meu amigo Pascoal de Sousa, Ricardo estava para ser emprestado ao Trofense, então na III Divisão, mas acabaria por ir para o Leça, então no escalão principal. Tendo sido o presidente do FC Porto que evitou que fosse parar à III Divisão.
O jogador chorava pois queria ficar no FC Porto.
Mas rapidamente animou. Pinto da Costa puxou-o para um canto e disse-lhe: “Não te preocupes, vai chegar o dia em que vais ser titular do FC Porto e esse dia não vai tardar muito".
A outra reporta-se a uma entrevista que, então ao serviço de “A Bola”, fiz a Ricardo num pequeno apartamento que ele tinha próximo da rotunda da Boavista. Onde fui encontrar um miúdo simples, humilde, mas convicto de que nesse época iria afirmar-se no FC Porto. Um miúdo que falava baixinho, simpático, prestável, até algo nervoso por estar a dar uma entrevista.
A partir desse momento segui sempre o seu percurso com um interesse particular (embora não pareça, nós, os jornalistas, também temos sentimentos…).
Por isso, fiquei triste com a notícia da sua renúncia e recuso-me a aceitar que o tenha feito apenas pelos motivos conhecidos, pois muitas vezes o mais importante não é o que se diz mas a forma como se diz. Não esqueçamos que estamos perante alguém que foi 75 vezes internacional “A”.
Continuo, por outro lado, a estranhar o silêncio e a ausência de Gilberto Madaíl. Diz-se que está doente mas há pouco tempo esteve numa cerimónia na A. F. Aveiro, embora não denotasse propriamente um grande vigor físico, revelando até alguma instabilidade.
Quanto a Paulo Bento, ao usar a palavra “deserção” mostrou mais uma vez as suas limitações. Uma grande infelicidade.
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