PÔNCIO MONTEIRO
A imagem mais forte que tenho de Pôncio Monteiro é a de vê-lo a levantar um conhecido jornalista pelos colarinhos, no Estádio das Antas, reagindo a algo que tinha sido escrito sobre si. O dito cujo ficou a dar aos pés no ar. O antigo dirigente do FC Porto e da FPF que faleceu hoje, na sequência de um AVC, era assim: não mandava recados por ninguém, não materializava em capangas as suas pequenas fúrias. Tenho a sorte de ser amigo de quem é amigo também de Pôncio Monteiro. Confesso que nunca foi propriamente alguém que me entusiasmasse mas como acredito nos meus amigos sinto que o Pôncio da TV era alguém que usava uma máscara. Atrás dela estava um homem bom, com excelente espírito, sociável, obviamente portista 100 por cento e com ideías próprias. Sei que nem sempre concordou com Pinto da Costa e que nem por isso ganhou a inimizade e o desprezo de um presidente que costuma estar rodeado por lambe-botas que dizem sempre ámen. A morte de Pôncio Monteiro deixa o FC Porto sem uma das suas vozes mais contundentes e críticas e deixa os seus verdadeiro amigos muito tristes. Pôncio Monteiro, o homem que nunca quis ser presidente do FC Porto porque a sua inteligência depressa percebeu que é impossível alguém pisar esse solo sagrado enquanto Pinto da Costa estiver neste mundo. E mesmo quando estiver no “outro” quem lhe suceder irá ter de conviver todos os dias com o seu fantasma.
A partida de Pôncio Monteiro deixa o futebol português ainda mais pobre.
