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Estava a jantar hoje com um grupo de amigos quando começámos a contar estórias do futebol. E lembrei-me logo de Fernando Festas. Curiosamente, ninguém o conhecia na mesa (a chavalada que estava co..." /> — ler mais..

Estava a jantar hoje com um grupo de amigos quando começámos a contar estórias do futebol. E lembrei-me logo de Fernando Festas. Curiosamente, ninguém o conhecia na mesa (a chavalada que estava co..." /> AS MINHAS ESTÓRIAS (1) - Bola na Área - Record

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AS MINHAS ESTÓRIAS (1)

2 Abril, 2010 965 visualizações

Estava a jantar hoje com um grupo de amigos quando começámos a contar estórias do futebol. E lembrei-me logo de Fernando Festas. Curiosamente, ninguém o conhecia na mesa (a chavalada que estava comigo está na casa dos trinta anos…). Cá fica uma breve apresentação: Festas jogou no Varzim, no V. Guimarães e no Sporting (entre outros) e foi internacional. Era um médio que impunha o seu porte atlético e que não raras vezes se envolveu em picardias, uma delas, salvo erro, com Rodolfo Reis. Festas tinha classe mas foi sempre uma espécie de outsider. Há um ano vi-o a apanhar sol na Praia do Aterro, no Cabo do Mundo, Matosinhos. Há muito tempo que se afastou do futebol depois de ter treinado o Leça com relativo sucesso, até rebentar o caso das sandes (deu uma conferência de Imprensa para denunciar a situação desesperada dos seus jogadores). Está feito. Avancemos então para a estória e para tal temos de recuar até 1986. Era eu enviado especial da Gazeta ao Mundial do México e tinha madrugado para picar a fita do telex e enviar a crónica diária para O Comércio do Porto, jornal com o qual também colaborava, para juntar mais uns trocos. Estava na recepção do hotel à espera que me abrissem a porta do telex quando entrou o Festas. Com um saco às costas, de calções e chinelos e um sorriso malandro nos lábios. Tinha pendurado as chuteiras não há muito tempo e decidiu ir ver o Mundial. Arrancou de Leça da Palmeira e lá acabou por chegar a Saltilllo, onde a selecção portuguesa estagiava, no Motel La Torre (bons tempos em que a selecção estagiava em moteis e os jornalistas com ela). “Por aqui?”, perguntei. “É verdade, decidi ver isto mas foi complicado chegar aqui”, informou. E logo a seguir contou a sua aventura: “Ò pá, nem imaginas, vim de autocarro da cidade do México até aqui e de repente vi-me perdido no meio do nada apenas de calções e chinelos”, disse. Mas desenrascou-se. “O autocarro partiu sem mim, com a minha mala e a carteira, mas consegui chamar um táxi e consegui apanhá-lo uns quilómetros mais à frente”, contou, a rir e sempre a gaguejar (os amigos também lhe chamavam O Gago). Uns dias depois, fui com ele ver o treino da selecção. A equipa das quinas treinava a cerca de 10 quilómetros do motel, no fim de uma longa recta, numa paisagem tipo Texas. Pusemo-nos à boleia. Parou logo um carrão conduzido por um velhote. Lá fomos e deu ainda para alguma conversa. Saímos e eis que o bom do Festas se vira para mim e me faz desatar às gargalhas: “Ò pá, ´só-só mes-mo nós pa-para apa-nhar-mosss bo-boleia de um ge-ge-nereal, so-somos mesmo im-impor-tan-tantes”…