Fisco no futebol é uma boa notícia
São poucos os adeptos que na hora das vitórias se preocupam com o destino do dinheiro nos seus clubes. Basta ver a história recente do FC Porto para perceber como as vitórias tapam tudo e as derrotas trazem problemas. Só agora as comissões ganhas pelo filho de Pinto da Costa são importantes para os sócios e pela primeira vez o presidente sente contestação. Isto apesar do regresso dos métodos retrógrados, que se têm multiplicado desde a triste assembleia geral sem lugar para todos a umas eleições infelizes que Angelino Ferreira teve a coragem de desmistificar. Claro que também ele, antes fiel portista, teve direito a mimos que envolveram até a sua vida pessoal. Um comportamento reprovável do presidente dos dragões, que parece longe de ter as ideias já arrumadas para a revolução.
A chegada do fisco ao futebol é por isso boa notícia. A Brigada de Investigação da Fraude quer ver os contratos de todos os jogadores da liga portuguesa de 2013 até hoje. Não faço ideia se vai encontrar algo ilegal, mas não tenho dúvidas de que no futebol português há muita gente a ganhar dinheiro a mais. E que se olharmos ao que se passa nas restantes atividades no país, não é difícil acreditar que as finanças com maior ou menor esforço vão ter com que se entreter. É espantoso o que se paga em comissões, prémios de assinatura e minudências, como se pode ver hoje nos números das transferências encarnadas. Se há quem depois disto fuja ao fisco que pague as consequências. Há por aí muitos a enriquecer à conta de clubes e adeptos. Que pelo menos paguem o que é devido ao estado. Nós fazemos o mesmo e custa-nos a todos. Todos os meses.
Num momento de bom senso, Marta Soares retirou a proposta de exoneração de Rui Barreiro. Poupou uma vergonha ao Sporting, ele que deveria ser o guardião de todos os sócios.
Texto publicado em Record Premium e na versão impressa a 20 de abril de 2016
