Bola na Área

E se Jesus for o próximo treinador do Barça?

29 Abril, 2014 0

Em regra, os meus amigos, entre os quais muitos jornalistas, não gostam dos escritos de José António Saraiva.

Eu leio tudo e gosto bastante, dos livros às crónicas.

JAS deixa as palavras respirar e escreve com narrativa. Conta-nos sempre uma história.

Numa das suas últimas crónicas, Saraiva, depreciativamente tratado por “O Arquiteto” na classe, fala de Jorge Jesus e da relação de amizade que desenvolveu com ele. Conta-nos que o treinador não perdoou a Roderick o erro no Dragão e que foi ele quem se meteu no carro e foi convencer Matic a jogar com o FC Porto antes de partir para Londres.

Pimenta Machado, que foi presidente do V. Guimarães durante mais de 20 anos e conheceu muitos treinadores, disse-me um dia que Jorge Jesus foi um dos melhores técnicos que passou por Guimarães, onde chegou para salvar o clube da descida, o que conseguiu.

Em cinco épocas no Benfica, Jorge Jesus conseguiu dois títulos nacionais, esteve numa final da Liga Europa e está quase numa segunda. Tal como o próprio disse no Dragão, na meia-final da Taça da Liga, é preciso perceber o que era o Benfica e o que era o FC Porto quando JJ chegou ao clube. Há hoje uma certa diferença.

Agora, um dos temas passa por saber se Jesus continua ou não no Benfica.

Talvez continue.

Se não continuar, acredito que tem tudo para ser o próximo treinador do Barcelona. Não apenas pelo facto de também ser conhecido por Cruyff da Reboleira mas também porque, de facto, as equipas de JJ desfrutam o jogo.

Le(ã)o Jardim

27 Abril, 2014 0

Embora muita coisa tenha mudado nos estádios e nas redações, por vezes ocorre a oportunidade para treinadores e jornalistas se conhecerem e trocarem ideias sobre ludopédio.

Com Leonardo Jardim tive esse privilégio sobretudo quando o apanhei no Sp. Braga e graças ao meu amigo Carlos Oliveira, colaborador do Record em Aveiro e um dos poucos com lugar no helicóptero do treinador madeirense. Aliás, foi o próprio Carlos quem “inventou” o helicóptero, quando, numa das muitas tertúlias com Jardim, no tal cantinho que o treinador continua a ter num restaurante junto aos canais da ria de Aveiro, falou da guerra ultramarina e do facto de num heli de guerra só entrar quem é da nossa absoluta confiança.

Jardim tarimbou em clubes insulares e agarrou com as duas mãos a primeira oportunidade que teve para treinar no continente. No caso, no continente profundo, em Trás-os-Montes, onde orientou o Desportivo de Chaves, que guindou à 2.ª Liga, deixando a base da equipa que depois foi à final da Taça de Portugal. A caminho de Aveiro ainda passou por Barcelos mas alguma coisa correu mal com António Fiúsa. Em Aveiro, subiu de divisão e continuou para sair em janeiro quando estava a fazer uma grande campanha. Logo aí se disse que teria tudo acertado com o FC Porto mas acabou por ir para Braga, onde voltou a fazer um trabalho positivo, até que a corda partiu no jogo de forças com Salvador. Seguiu-se mais de meia época no Olympiakos e uma saída esquisita – mesmo assim, Jardim foi campeão grego, o que Fernando Santos não conseguiu, embora nunca tivesse treinado o crónico campeão grego da última década.

Jardim é um homem de poucas falas e poucos sorrisos, mesmo quando está entre amigos. É uma daquelas pessoas que parecem não estar cá mas que apanham tudo. De aí a sua gestão G.A.L.O., que até já apresentou em pública. A chamada gestão andando de um lado para o outro, que passa por chegar ao estádio duas horas antes do início do treinador e começar a andar de um lado para outro para falar com quem se vai encontrando, da mulher da limpeza ao goleador. E o mesmo no final do treino. Leonardo não é fã de gabinetes, o que é um estranho num país onde qualquer badameco com galões a primeira coisa que pede é um gabinete, um candeeiro de mesa e um secretária onde se podia jogar ping-pong, para além da cadeira ergonómica – o problema é que nem a cadeira garante tudo nem a mesa serve para o que devia servir.

<p>Contou-me o Carlos que num dos primeiros treinos de Jardim em Aveiro aconteceu isto: mandou fechar a cadeado a porta de acesso ao relvado, de forma a não permitir que os dirigentes entrassem no relvado enquanto a equipa trabalhava. A mensagem foi imediatamente percebida.

Não sei o que fez entretanto Jardim na academia mas de certeza que já lá deixou a sua marca, ele que era o preferido de Antero Henrique – hoje tão criticado pelos suas opções como CEO (ainda não sei muito bem o que é isto) portista – para suceder a Vítor Pereira (que não gostava nada de o ver no camarote do Dragão).

Num ano apenas, Leonardo Jardim devolveu ao Sporting a mística, a crença e a qualidade. Este renascimento dos leões não é obra de Bruno de Carvalho. O presidente tem o seu mérito mas sem Jardim não haveria um Sporting remoçado e renovado.

Por isso, quando tanto se fala no prolongamento do contrato de Leonardo é ridículo dissertar sobre mais dez ouvinte mil euros na folha mensal. Leonardo Jardim vale o que pesa em ouro. É um galo com dentes de leão.

Uma fera que ferra mas também um homem simples e bom. Como poucos.

Gosto muito dele.

 

O professor Bitaites

25 Abril, 2014 0

Morreu Hernâni Gonçalves.

Conheço-o desde que comecei nestas lides.

Sempre foi um bom amigo: disponível, brincalhão, original, com muito mais mundo para além do futebol.

Não vão acontecer no nosso futebol mais homens com a dimensão e a singularidade do Professor Bitaites.

Um professor que não era um expert em preparação física e que valia sobretudo pela sua dimensão humana.

Por incrível que pareça, a humanidade nem sempre dá o devido valor à humanização.

O professor era sempre um homem simples.

 A última vez que o vi foi no “21”, uma das tertúlias da noite do Porto. O profe era um Tertuliano. Um homem que gostava de conversar porque é a conversar, ao vivo, e não atrás de um computador, que conhecemos o outro e espantamos a sombra da morte.

 Já sabíamos que estava muito doente. Estávamos à espera da notícia. Chegou hoje, em pleno 25 de abril.

O Bitaites merece-o. Era um homem absolutamente livre. Democrático até no seu clubismo.

Só o esquecerei quando de mim me esquecer.

PS – Há um ano, o professor deu-nos a honra de orientar um treino da equipa Record na preparação para a final da Media Cup. 

Entrevista ao Marquês

24 Abril, 2014 0

Serenados os ânimos ali junto ao Parque Eduardo VII, aproveitamos para chegar à fala com o Marquês.

BnA – Está-me a ouvir aí em cima senhor Sebastião José de Carvalho e Melo?

MP – Perfeitamente meu amigo. Já não o via há muito tempo.

BnA – É verdade. Nos meus tempos de mouraria passei aqui algumas vezes e até marquei encontro aqui com uma namorada mas enganei-me e fiquei três horas à espera dela no Rossio. Na altura ainda era novo nesta cidade e só conhecia relativamente bem o Bairro Alto e o Camões.

MP – Por acaso ainda me lembro da moça aqui junto ao meu pedestal. Esteve mais de três horas a ser galada por marialvas mas resistiu. Chegaste a encontra-la?

BnA – Sim, encontrei-a ali junto ao bar que servia piratas e pernas-de-pau. Por acaso até casei com ela.

MP – Muito me contas. O que demandas?

BnA – Bem, queria saber como viveste a festa do Benfica.

MP – Estava com algumas reservas mas correu muito bem. Não caiu ninguém de cabeça e só me fizeram meia dúzia de pichagens. A malta portou-se bem e até me vestiram a camisola do João Gobern.

BnA – Tens a certeza que era a camisola do Gobern? Não seria a do Pedro Guerra?

MP – Agora deixaste-me na dúvida.

BnA – Bem, deves estar satisfeito, tu que acabaste como um proscrito seres agora o centro das festas dos clubes lisboetas…

MP – Tem a sua piada, de facto. Até porque tenho bastante concorrência aqui na capital. Aqui bem perto, por exemplo, há o Elefante Branco e o Camões tem muitos mais bares por perto, para além do Fernando Pessoa.

BnA – Ok mas esses eram poetas e a malta do futebol gosta de coisas mais à bruta. Como tu.

MP – E se fosses chamar bruto ao Salazar?

BnA – Mas esses por ora ainda não tem estátuas embora tenha sido considerado o maior português do século XX e não dava muito jeito ir festejar a Santa Comba.

MP – Olha, é um orgulho ser eu o escolhido. No fundo, salvei o país de um rei louco, controlei as coisas quando Lisboa tremeu, foi inundada e ardeu, e promovi o casamento entre portugueses e índios, o que deu origem ao melhor país do Mundo.

BnA – Há uma coisa que sempre te quis perguntar: onde estavas no 25 de abril?

MP – Estava aqui, pá. Raramente saio daqui. Só o fiz uma vez, quando os Stones vieram a primeira vez a Alvalade.

BnA – Qual á a figura do futebol português com a qual mais se identifica?

MP – António Fiúsa.

BnA – Perdão?

MP – É presidente do clube da terra cujo símbolo melhor representa o país, sendo ainda um elemento definidor da latinidade dos nossos machos. Tal como eu, é meão na altura mas grande nos seus objetivos. Ser presidente campeão no Benfica e no FC Porto é relativamente fácil. Difícil é ser presidente do Gil Vicente e ganhar o caso Mateus.

BnA – E Pinto da Costa?

MP – Também gosto dele mas nunca o vi aqui a festejar. Ah e tem um certo gosto pelo Brasil.

BnA – Luís Filipe Vieira?

MP – Aproveito para lhe dar os parabéns e para lhe lembrar que há outros heróis nacionais para além do Eusébio.

BnA – Bruno de Carvalho?

MP – Adoro esse miúdo. Já aqui esteve pendurado, quando era da Juve Leo. Mas precisa de começar a fumar menos.

BnA – Como é, vamos ser campeões do mundo no Brasil?

MP- Só pode, amigo. Fomos nós que fizemos o país maravilhoso. O que aconteceu pouco depois de mim com o D. João VI foi uma história muito mal contada. Ele não fugiu para o Brasil. Ele apenas fugiu de Portugal.

BnA – Tens alguma mensagem para os portugueses?

MP – Essencialmente, acalmem-se e conduzam mais devagar. Tenho visto aqui coisas incríveis. Esta malta está sempre atrasada, é?

BnA – Pelo visto.

MP – Só mais uma coisa. Diz aí ao pessoal para não me mijar no pedestal pois fica um cheiro horrível no verão e é falta de respeito.

BnA – Bem, obrigado por este bocadinho. Até para o ano.

MP – Fica a saber que também tenho uma praça no Porto.

BnA – Ok.

 

Ghazal vai atacar no defeso

23 Abril, 2014 0

Paulo Andrade Faria foi o empresário que descobriu Ali Ghazal, o trinco egípcio do Nacional da Madeira que já está a agitar o defeso. Faria foi também quem trouxe Shikabala para o Sporting.

Assim se prova que pode haver empresários apenas a dar tiros certeiros (recorde-se que no Nacional está também Saleh Gomaa, um avançado de apenas 20 anos com grande potencial).

Quanto a Ghazal, que só tem 22 anos, é apontado como potencial sucessor ou de Fernando, no FC Porto, ou de William Carvalho, no Sporting.

Só falta mesmo saber se também interessa ao Benfica.

E se interessar?

 

O rapaz do 147

22 Abril, 2014 0

Os leitores do BnA vão permitir-me um pequeno desvio apenas para assinalar o 80.º aniversário do meu pai, Joaquim Queirós, e o lançamento da sua autobiografia “O Rapaz do 147”, um momento que encheu o salão nobre da Câmara Municipal de Matosinhos e que reuniu alguns velhos companheiros de armas do meu “velhote”, como é o caso, nesta imagem, de Aurélio Cunha, José Costa Carvalho, José Alberto Ferreira e Ricardo Pereira, alguns dos melhores que conheci nas redações, quando estas ainda cheiravam a papel e a fumo de cigarro.

O dia do Benfica campeão 33

20 Abril, 2014 0

Vou aproveitar as sinergias do Facebook e usar a minha rede de amigos para acompanhar este dia do Benfica, que se prepara para me oferecer o seu 22.º título nos meus 52 anos de vida, durante a qual já vi o FC Porto conquistar precisamente 22.

Esta é do Bruno Prata e vai a abrir porque se trata da minha terra. Pelos vistos o vendedor não está com muita saída, ali junto à Anémona, ou “Sea Dangerous”. Matosinhos e Olhão são duas terras ditas de pescadores (e também de pecadores). Já vi por aqui uma garrafa de champanhe mas por ora está no gelo.

De resto, a nação benfiquista já fez a festa parando em todas as estações e apeadeiros.

Entretanto, o meu amigo Pimenta, fisioterapeuta do Varzim hoje, com passagens por Gil Vicente e Rio Ave, já está também pronto para a festa.

 

 Via Henrique Machado, uma imagem do ambiente feérico, antes de um primeiro susto na baliza do Benfica… Entretanto, onde está o JJ?

Entretanto, segundo o Pedro Cibrão, as coisas estão assim na Marisqueira de Algés.

 Ao intervalo 0-0.

Inspirado no meu amigo Jorge Aguiar, não se pode dizer que as papoilas estejam propriamente saltitantes.

Via Daniel Oliveira, uma imagem realmente impressionante.

LIMÃO!

 Adriano Santos mostra-nos uma imagem do que se vai seguir, ainda em pequena escala.

O Paulo Querido e a sua reflexão tautológica: Estou a pensar nas teorias colossais sobre 33ª vitória do Benfica num domingo de Páscoa, treinado por um homem que tem o nome de Jesus, que morreu com 33 anos e cuja suposta ressurreição se celebra hoje. Ui.”

Carla Carvalho em serviço mas a mostrar uma imagem da festa na Casa n.º 185 do Benfica.

 Camilo Lourenço também é campeão.

 Para fechar com chave de ouro, António Maia campeão no mar da Paraíba:

 

Tozé, muda de nome para Tozerrera

19 Abril, 2014 0

Este menino, batizado como António José, já vai com 18 golos marcados com a camisola do FC Porto B (é o 2.º melhor marcador da 2.ª Liga).

Curiosamente, o pequeno craque esta época não calçou na equipa principal (na última época foi chamado para um jogo da Taça da Liga).

O puto de 21 anos teve um azar: nasceu em Forjães, Esposende.

Mas podia ser bem pior. Que o diga o Tozé Marreco, o tal que um dia disse que se chamasse Marrecovic já tinha calçado num grande.