Numa exposição recente da National Gallery em Londres, intitulada “Making Colour”, sobre as origens da cor na arte, fiquei fascinada ao descobrir o quão preciosa e cara era, para os artistas, a tonalidade do pigmento azul, moída da pedra lápis-lazuli, extraída de uma terra distante.
Os tons azuis no desfile da Emporio Armani em Milão trouxeram-me de volta esse pensamento sobre a intensidade e beleza de uma cor que parece estar ligada aos componentes mais delicados da Natureza: o céu, o mar, as montanhas azuis, pedras preciosas como as safiras, as águas marinhas – e o lápis-lazuli.
O renascimento dos azuis na primavera/verão 2015 da Eporio foi uma colaboração criativa entre o azul e o branco. As roupas carregavam um toque de maresia fresca e salgada de beira-mar: casacos leves, calças pelo tornozelo, e riscas horizontais azuis e brancas.
Giorgio Armani pensou também nas texturas, desde o vestido em algodão envelhecido que abriu o desfile à intensa e reluzente pulseira e ao saiote em PVC, semi-transparente, que espreitava por debaixo da bainha das saias.
Esta rapsódia em azul foi ligeiramente forçada, mas conferiu uma beleza estranha ao que é essencialmente uma coleção de sportswear. E quando Giorgio Armani surgiu e fez a sua vénia, o foco estava, claro, nos seus famosos olhos azuis.