Roberta Armani (Mr Armani’s niece), Leonardo DiCaprio, Tina Turner and Giorgio Armani
Giorgio Armani celebra o 40º aniversário com uma nova exposição e magnificente desfile.
Era a primeira fila de sonho: Cate Blanchett e Glenn Close cintilavam nos seus fatos brancos; Leonard diCaprio escondia-se por detrás da sua barba; Tina Turner aplaudia efusivamente; Hilary Swank com as suas esguias e tonificadas pernas cruzadas; Lauren Huttone o seu famoso sorriso; e a eterna bombshell Sophia Loren, a provar que a vida continua a vibrar aos 80.
Giorgio Armani, quase com 81, celebrando os 40 anos da sua casa de Moda, trouxe Hollywood a Milão para uma retrospetiva dos 10 anos da sua linha de Alta Coustura, a Armani Privé – e mostrar os edifícios de Silos que converteu, a partir de uma antiga fábrica de cereais, num vibrante espaço de 4 andares que serve de palco à mostra desses anos de Moda, desde a ousada androgenia à elegância de sonho.
“Eu tinha de vir – por ele”, disse Cate Blanchett”, ecoando o calor que rodeava o designer ao longo de uma noite que encerrou com um prolongado aplauso de pé.
Isto foi logo depois do desfile com 10 temas diferentes, desde reminiscências do étnico à chinoiserie com o brilho de uma caixa esmaltada, que foram digitalmente projetados na passerelle, enchendo o cenário com padrões e cores intensas.
“Eu sou muito emocional”, admitiu Armani ao início do dia, quando abriu o edifício de Silos aos seus convidados. “É uma caminhada ao longo de 40 anos, lembrando-me de todos aqueles que colaboraram comigo.”
“Tenho quase 81 anos – e dei a minha vida a isto”, disse, depois, quando passámos ao edifício Armani original, desenhado por Tadao Ando, onde já vi tantos desfiles – e onde a extravagância elegante daquela noite iria ter lugar.
O Silos, que Armani diz que lhe custou 50 milhões de euros para transformá-lo na elegância que está agora, inclui as mostras de Moda, uma área digital onde as roupas podem ser estudadas em detalhe, e ainda escritórios extensos para o seu staff de Milão.
“Decidi chamá-lo Silos porque este edifício foi usado para armazenar comida, que é, claro, essencial à vida”, disse Armani. “Para mim, tanto quanto a alimentação, o vestuário faz parte da vida”.
Pensado para inaugurar na véspera da Expo – um evento focado em comida que estará patente em Milão até outubro -, o Silos foi desenhado para se tornar icónico em Milão. Um café e uma loja fazem dele um novo sítio para locais e turistas. E o acordo com a cidade é de que o edifício, ou parte dele, será usado para eventos culturais e artísticos, uma vez que algumas das peças de Armani serão temporariamente removidas do local.
“Milão tem um espaço novo, que não havia, de acesso fácil”, disse Armani. “Toda a gente pode entrar, é um presente para o público – mas as roupas são minhas!”
O criador parece ter planeado a sua herança desde cedo, embora não haja muito dos anos 80 em exibição, aqui. Uma das primeiras peças é um casaco e calças da primavera de 1980 usado por Richard Gere em “American Gigolo”, o filme que tornou Armani numa lenda em Hollywood. Mesmo em 1978, Diane Keaton aceitou o Óscar pelo seu papel em “Annie Hall” envergando um casaco Armani. E a exposição também inclui um vestido longo estruturado, usado por Sharon Stone nos Óscares em 1996, ano em que esteve nomeada pelo filme “Casino”.
Enormes ecrãs na parede mostram a chegada das estrelas, enormes perante os espetadores, para que a aparência do alinhamento de primeira fila pareça, mais tarde, uma espécie de realidade aumentada.
Gostava de ter visto um pouco mais de contextualização, porque me lembro da ttroca de palavras e estilos quando Armani enfretou, primeiramente, a bravura de Gianni Versace, depois a sensualidade de Tom Ford e a estética deliberadamente feia de Miuccia Prada.
“Made in China é uma coisa – made in Italy é algo completamente diferente”, disse, à medida que apontava os detalhes irrepreensíveis nos vestidos brilhantes do 3º piso.
Pergunte ao designer sobre qualquer uma única peça dos cerca de 600 looks da sua coleção e ele contará a sua história, relembrando uma sessão fotográfica com a modelo Amber Valletta, “fotografada por Peter Lindergh no Chipre, em tons de areia e cinza”, guardada na área digital do Silos Armani. Reminiscências de Jodie Foster no início de carreira e Lauren Hutton seguiram-se também na conversa.
Algum arrependimento?
“”Só por aqueles que já não estão comigo”, confessou, referindo-se à querida mãe, com quem jantava todas as noites; e a Sergio Galeotti, o seu parceiro nos negócios e na vida.
Em setembro, haverá um livro: uma biografia orquestrada por Armani sobre a sua vida – e não apenas a da moda.
Entretanto, estaria ele ansioso pela sua noite de estrelas?
“Eu gosto mesmo de estar em casa a jantar com o meu gato, Angel”, disse o Maestro de Milano e o reconhecido ícone da Moda.
Fotos: Davide Lovatti; Giorgio Armani