Numa altura em que a Christie’s leiloa posters de pin-ups online, Suzy Menkes indaga se se pode fazer o seu reboot depois de uma revolução feminista.
Num fim-de-semana chuvoso, a imagem fez-me sorrir: caracóis louros, dentes brancos e corpos curvilíneos em alegres fatos de banho.
“As Mulheres mais Bonitas do Mundo”, anunciava um poster para o “Verão em Monte Carlo”.
A imagem seguinte, no ecrã, era a de Marilyn Monroe nos primórdios da sua fama. Era uma jovem com curvas na praia, a usar o seu chapéu de sol como apoio para a sua pose – de rabo empinado.
Percorri os looks das outras poster girls à medida que a Christie’s inaugurava a venda online do The Art of the Pin-Up (acontece até 3 de dezembro, em www.Christies.com/PinUps)
Gostei do duo da Bally, curvadas e nuas, com sapatos em tons pastel que se tocam; e outro duo, da Perrier, nos braços um do outro. Consigo imaginar que no período da Guerra e nesses tempos difíceis, os posters de publicidade com sex-appeal alegravam as sóbrias ruas.
Mas de repente, o meu sorriso desvaneceu-se com este pensamento: as imagens sedutoras e alegres, de uma era de inocentes provocações, pareciam-se assustadoramente com Miley Cyrus e o seu twerk, com Beyoncé nos seus fatos minúsculos e sexualmente provocantes quando atua, Kim Kardashian a revelar a sua caraterística mais famosa e Britney Spears a sexualizar a sua outrora aparência adolescente.
As últimas três são mães – e que imagem sexista passam os seus looks em palco para os seus filhos, quanto mais para os seus fãs.
Não tenho problemas com as pin-ups do passado, principalmente porque a Christie’s incluiu posters de homens na venda. Campanhas arriscadas da Dior dos anos 70 mostram um homem nu numa porta de casa-de-banho entreaberta.
Se alguma vez compraria uma fotografia de pin-up? A Marilyn de 1949, captada por Andre de Dienes, pode ser uma compra enraçada para animar a parede da minha biblioteca. Ainda que as licitações comecem nas 300 libras, o valor base do de Marilyn é de 1.400 libras.
Mas há algo de disruptivo na ideia de Miley e cia. continuarem a recorrer às suas figuras como forma de provocação sexual 80 anos depois de Marilyn ter pisado aquela praia. Um século, um milénio e uma revolução feminista aconteceram desde então.
Eu vi postais do Hawai e Japão carregados de sexualidade. E aquelas conservadoras Vitorianas foram as primeiras a sair com imagens marotas à beira-mar. Mas gosto de pesar que as pin-ups estão no passado. E vou dedicar os meus posts desta semana a mulheres poderosas que emanam mensagens fortes e pessoais, dedicadas às mulheres, no modo como se apresentam.
A primeira: Loulou de la Falaise – e como o seu papel foi muito mais dinâmico do que ser apenas uma musa para Yves Saint Laurent.