As últimas palavras que Oscar de la renta me disse, com as suas bochechas rosadas do sol de final de tarde que entrava pelo seu estúdio na 42nd street, foram “Flores! Flores! Flores!”.
Como se eu já não me tivesse apercebido pelas rosas, peónias e hidrângeas que circundavam o fundo do seu desfile para o verão 2015. E os ricos padrões florais que sugeriam a eterna primavera de uma mente otimista.
Oscar, mesmo aos 82, era muito social – em parte, devido ao seu passado privilegiado na República Dominicana, mas também à sua sofisticada vida em Nova Iorque. Adiciona-se a isso o toque cosmopolita da sua primeira mulher, Françoise de la Langlade, uma ex-diretora da Vogue francesa, e o seu background de couture a trabalhar com o inimitável Cristóbal Balenciaga, e o tempo na Balmain em Paris.
Eu nunca vi Oscar – ou as suas criações – amarrotadas ou casuais, o que justifica o porquê de ter sido difícil aceitar um John Galliano caído em desgraça, uma estação, durante o seu período de redenção, quando ele deliberadamente conferiu um look “desarrumado” à coleção.
Penso no Oscar como a epítome da elegância, quer num fato ou num smoking. Ele ficava ao lado da sua mulher, Annette Reed, na sua mesa no Met Ball, cumprimentando os convidados de forma graciosa, mas com um largo sorriso latino. A epítome de um cavalheiro galante.
Eu sei que a nata de Hollywood – assim como as Primeiras Damas – vestiram Oscar de la Renta. Lembro-me de Sarah Jessica Parker como Carrie Bradshaw, no “Sexo e a Cidade”, a abraçar-se a si mesma com alegria pela beleza dos vestidos de Oscar.
Para o longo rol de clientes fiéis foi acrescentado o vestido de noiva – outro vestido “di-lo com flores” – para o casamento de Amal Alamuddin, no mês passado, com George Clooney.
Que saída para Oscar! Os seus polidos sapatos em pele serão agora preenchidos por Peter Copping, vindo da Nina Ricci.
Seria um erro considerar Oscar de la Renta unicamente como um designer clássico e da Alta sociedade, a começar por Jacqueline Kennedy, nos anos 60.
Havia sempre cor e sumptuosidade grandiosa de Santo Domingo. Acredito, na verdade, que o seu trabalho se tornou mais fortee mais relevante à medida que a moda abraçou um mundo multicultural.
Quanto mais as senhoras do Upper East Side se reformavam no minimalismo da caxemira bege, mais energético e alegre se tornava o estilo de Oscar.
Acima de tudo, vou sentir falta da voz dele – o modo como dizia “Suzy”, pronunciado como um profundo e rico “Soozy” – sempre com um brilho no olhar.
Oscar de la Renta (1932-2014)