“Eu não quero que as pessoas tenham medo de entrar”, disse Victoria Beckham, à medida que a pesada porta de cimento, com os seus painéis alongados, se abriu para revelar a sua primeira loja.
De onde vem aquela palavra “Posh” que servia para descrever aquela que foi outrora uma Spice Girl? Porque a nova loja londrina que abre esta semana na Dover Street de Mayfair não é “Posh”, no seu sentido de “falsa sofisticação”; é classe.
“É muito importante que os homens possam vir e ver – como o David, que às vezes vai às compras comigo”, diz Victoria, explicando que os módulos de mobília podiam ser retirados e reagrupados no piso de cima. Seria aí que David podia ficar a descansar e a recuperar as forças da ida às compras.
O efeito geral é de grandeza linear. O edifício é moderno, minimalista e só aquelas escadas já pareciam uma escultura.
Do piso térreo, com o denim e a coleção VVB a preços mais acessíveis (dos cerca de 655 euros a 1.530 euros), a cliente pode ver outra área da loja abaixo, através de um painel em vidro.
Tudo começa com as carteiras, aqueles símbolos de honra para qualquer marca de luxo. Nas prateleiras brancas, a apelar a consumidores, estão as carteiras sem grandes extravagâncias, em rosa pastel e creme, seguidas pelos sacos em preto com uma espiral de vermelho, e as pequenas clutches escarlate com alças em corrente douradas. Os preços são altos, mas não catastróficos (1.270 euros aproximadamente).
À medida que avançávamos, um par de óculos metálicos em rosa choque e azul turquesa numa torre de prateleiras em metal prendeu a minha atenção. Mas aquela construção fria estava encostada a bancos em formato diamante em madeira nogueira.
Não percebi se era suposto o corrimão em ouro velho em ziguezague pretendia significar os Vs de Victoria.
As roupas eram muito “ela”, com vestidos direitos em branco, preto, vermelho e algumas polka dots. Pareciam demasiado pequenos para os seus cabides dourados em madeira. Os preços para estes vestidos começavam nos cerca de 640 euros.
Na nossa tour pela loja, Victoria chamou a minha atenção para algo mesmo grande: os provadores, para que não tenha de estar na área comum para se sentir confortável e à vontade. E em vez de ter uma caixa registadora, a loja seguiu a via da Apple, aceitando pagamentos nos iPads do staff.
Segui a Victoria escada acima. Equilibrava-se em saltos agulha, com calças cigarrette pretas e um top fluido.
No espaçoso andar de cima, com a sua flexível distribuição demobília, debatemos como ela vê o desenvolvimento da loja em espaços físicos. O plano de David e Victoria, aliado ao seu mentor e terceiro acionista Simon Fuller, da XIX Entertainment, é focar-se na loja de Londres para depois abrir em Nova Iorque. Outras lojas seguir-se-ão.
“Eu gosto mesmo de cresci de forma ponderada e constante – a atenção ao detalhe é tão importante,” adverte, elaborando que após seis anos a desenhar roupa e acessórios, com sapatos e marroquinaria como a mais recentes categorias, prevê uma evolução subtil para os próximos 5 anos.
As roupas aqui na coleção de pronto-a-vestir são a sua escolha pessoal: com estilo, aparentemente simples, e caras (começam nos cerca de 1.150 euros aos 3.850 eutros para os vestidos de noite, com um deles a ascender aos 7.415 euros). Isto está mais ou menos ao mesmo nível que as outras marcas de luxo.
A olhar pela montra e do outro lado da rua, consegue ver-se o Dover street Market, o dinâmico e empório de design experimental desenvolvido por Adrian Joffe com Rei Kawakubo da Comme des Garçons.
“VB”, como é conhecida na indústria de Moda, as she is known in the fashion business, não está a clamar que é pioneira ou especialmente inventiva. Mas é dedicada às suas coleções e tem feito sucesso a criar ambientes que refletem o seu desejo pelo polido e linear.
Não tenho a certeza se as escadas em cimento serão muito apropriadas à sua filha, mas serão fantásticas para rapazes adolescentes com energia. E conhecendo Victoria e a sua paixão pela loja, aposto que trará as crianças para correrem pela loja e testemunharem a sua mais recente aventura.